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Morto há 25 anos, Yitzhak Rabin deu impulso à modernização de Israel

Dois anos antes de ser assassinado, Rabin e seu ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, haviam assinado um acordo de paz em Washington

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7

Rabin recebeu homenagens pelo país
Rabin recebeu homenagens pelo país

Filho do ucraniano Neemias Rubitzov, Yitzhak Rabin nasceu em Jerusalém e foi o primeiro chefe de governo israelense a ter nascido no país. Seus antecessores todos nasceram no leste europeu.

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Após dois mandatos como primeiro-ministro, Rabin morreu há 25 anos, em 4 de novembro de 1995, assassinado pelo extremista judeu Yigal Amir, que era contrário à paz com os palestinos. Manifestações pelo país ocorreram para lembrar a data, inclusive na atual praça Yitzhak Rabin, em Tel Aviv, onde ele foi morto após fazer um discurso.

"Para mim (o fato dele ter nascido em Israel) é algo simbólico que mostra toda a relação dele com Israel", diz Revital Poleg, diplomata e ex-representante da Agência Judaica no Brasil, em podcast do Instituto Brasil-Israel.


Dois anos antes, Rabin e seu ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, haviam assinado o Acordo de Oslo, em Washington, concedendo aos palestinos a maior parte dos territórios ocupados durante a Guerra dos Seis Dias, a oeste do rio Jordão, e lhes possibilitando uma adminstração autônoma, que gerou a Autoridade Nacional Palestina.

A ascensão de Rabin foi marcada por uma trajetória que, ao se olhar para trás, dá a impressão de ter sido planejada. Primeiro, ele se engajou a lutar pelo território, desde os tempos do Palmach, embrião do IDF (exército israelense), no qual atuou por 27 anos, chegando a Chefe do Estado-Maior.


Depois, como político, procurou fortalecer o Estado e suas relações com o mundo. Em sua administração a palavra modernização acabou sendo a principal prioridade ao lado da paz.

O primeiro-ministro, que deixou o cargo nos anos 70, pelo fato de não ter declarado que sua esposa, Lea, mantinha uma conta nos Estados Unidos, voltou em 1992, pelo Partido Trabalhista.


"No fim das eleições já falou das intenções da paz. Mas na verdade o processo foi começado por Shimon Peres e por uma coincidência de dois acadêmicos começarem a negociar com palestinos sob hipóteses na Noruega. De repente ficou sério e conversaram com Yossi Beilin, que falou com Peres e passou a ser algo político. O diálogo secreto avançou, Peres conversou com Rabin, que já sabia. Quando ele entendeu que era algo sério, as conversações se encaminharam e buscaram a declaração", afirma Poleg.

Ela conta que, naquela época, a sociedade israelense viveu um momento de expectativa e temor.

"Não foi simples, foi bem difícil, foi algo bem tumultuado, mas eles deram prosseguimento. O povo se dividiu, não havia uma forma de pensar, dois campos: a favor da paz e contra a assinatura, pelo medo do que iria acontecer. Foram sentimentos terríveis. Apesar de tudo isso, que foi bem duro, ninguém acreditava que o medo levaria à morte de um líder. Talvez não quiséssemos entender."

Poleg ressalta que a morte de Rabin acabou sendo um marco na história do país.

"Isso mudou minha vida profissional e a cada ano é um dia difícil para mim. Sei que muitos sentem o mesmo, não dá para esquecer. Lembro-me onde estava, o que fiz, com quem falei, é um marco para mim e para todos. Não é só para quem está a favor da paz ou com medo, é um ponto de quebra para a direita, esquerda, cada um por seu ângulo, marcou a vida de todos. Saí da vida diplomática com isso, para fazer a paz de forma civil"

Em paralelo à sua busca da paz, em ambas as adminsitrações, Rabin foi determinante para moldar o que hoje é Israel nos tempos da globalização.

Fortaleceu as pesquisas em tecnologia, deu ênfase ao desenvolvimento do sistema educacional e ampliou a infraestrutura rodoviária. Também investiu no fortalecimento do parque industrial do país, que exporta tecnologia e 21º no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial.

Nesta semana, Yigal Amir, assassino do ex-primeiro-ministro, condenado à prisão perpétua, pediu que a Suprema Corte o liberasse para assistir à cerimônia de bar-mitzvá (maioridade religiosa) de seu filho. O pedido foi negado.

Em Israel, de uma forma ou de outra, prevalece o desejo de que o jovem filho de Amir siga por outro caminho. Rezando, em seu bar-mitzvá, por Rabin. E pela paz.

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