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Mosul: moradores encontram ruínas e armadilhas ao voltar para casa

Vídeos do Médicos Sem Fronteiras mostram destruição deixada por jihadistas

Internacional|Do R7

Batalha entre forças iraquianas e o Daesh deixou grandes partes de Mosul em ruínas
Batalha entre forças iraquianas e o Daesh deixou grandes partes de Mosul em ruínas

A cidade iraquiana de Mosul foi libertada do grupo extremista Daesh (também conhecido como Estado Islâmico) em julho deste ano, após quase nove meses de guerra urbana e três anos de comando jihadista.

A batalha deixou grandes partes de Mosul em ruínas, matou milhares de civis e desalojou quase um milhão de pessoas.

Agora, os iraquianos estão voltando aos seus lares e se deparam com armadilhas explosivas montadas em suas casas e com uma cidade inabitável, de acordo com o MSF (Médicos Sem Fronteiras).

As casas estão parcial ou totalmente destruídas e praticamente sem acesso a água limpa, eletricidade ou cuidados médicos.


Menino capturado pelo Estado Islâmico há 3 anos é reconhecido em foto e reencontra família

“O que vemos em nossas unidades médicas são sinais indicativos das condições de vida enfrentadas do lado de fora”, diz Myriam Burger, coordenadora de projeto de MSF no oeste de Mosul.


— Até recentemente, ainda recebíamos pacientes com ferimentos decorrentes da guerra, mas, conforme mais pessoas começaram a voltar para casa, começamos a ver um grande aumento no número de pacientes sofrendo de infecções gastrointestinais após beber água ou comer alimentos contaminados devido à falta de eletricidade e gás para refrigeração e cozimento. As crianças, principalmente, estão desenvolvendo erupções e outros problemas cutâneos, devido à falta de higiene e ao hábito de brincar próximo à água de esgoto que sai do encanamento danificado.

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Nos últimos dias, dois adolescentes de uma família de cinco pessoas foram mortos enquanto tentavam remover um foguete que foi armado para explodir na sala de sua casa. Em outra parte da cidade, uma bebê foi morta e seu irmão mais velho ficou ferido depois que ela pegou um brinquedo recheado de explosivos. A família havia acabado de voltar para casa pela primeira vez desde o fim do conflito.


As equipes médicas de MSF também estão tratando um número crescente de pacientes picados por escorpiões e cobras, já que as pessoas estão vivendo em casas com canos quebrados e fossas sépticas danificadas.

Crianças já foram tratadas para traumatismos sofridos depois de caírem, de cima de telhados, sobre blocos de cimento e vigas de ferro.

Mulheres iraquianas queimam burcas como sinal de libertação de Mosul do Estado Islâmico

Com muitas instalações médicas ainda destruídas e com estradas e pontes danificadas e inutilizáveis, o acesso da população a serviços de saúde está gravemente limitado. Os que precisam de cuidados básicos muitas vezes são adiar a ida aos poucos centros de saúde em funcionamento, de modo que problemas de saúde facilmente tratáveis se agravam a ponto de se tornar letais. Ao mesmo tempo, as poucas ambulâncias em operação enfrentam grandes atrasos no caminho até os pacientes porque ficam presas no trânsito ou são obrigadas a fazer longos desvios.

— Para muitas pessoas, a sonhada volta para casa está sendo amarga, já que elas se deparam com níveis assustadores de destruição e com uma miséria aparentemente interminável. Para os que estão esgotados pelos anos de violência no Iraque, é mais um obstáculo a superar.

Apesar de todas essas dificuldades, lojas e comércios em Mosul estão voltando a abrir lentamente, mesmo em construções parcialmente destruídas. Caminhões de cimento começam a ser vistos nas ruas, e vizinhos trabalham em conjunto para construir seus bairros, casa por casa.

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