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Mujica passou 11 anos preso em um calabouço: veja sua trajetória política

Presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, ele tratava de um câncer de esôfago desde 2024

Internacional|Do R7

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José Alberto Mujica Cordano, Pepe Mujica, nasceu em Montevidéu, em 20 de maio de 1935.
José Alberto Mujica Cordano, Pepe Mujica, nasceu em Montevidéu, em 20 de maio de 1935 Ricardo Stuckert/PR

O ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos. Após ter sido diagnosticado com câncer de esôfago em abril de 2024, Mujica passou por sessões de radioterapia e, desde então, foi internado diversas vezes por complicações do tratamento.

Em janeiro de 2025, o ex-presidente anunciou que o câncer havia se espalhado e que não continuaria com os tratamentos de remissão da doença.


Trajetória política

José Alberto Mujica Cordano, Pepe Mujica, nasceu em Montevidéu, em 20 de maio de 1935. Descendente de bascos e italianos, filho de pequenos agricultores, começou a militar no Partido Nacional por vínculo familiar, chegando ao cargo de secretário da juventude da agremiação.

Em 1962, deixou o partido e criou um grupo chamado União Nacional, que trabalhava junto ao Partido Socialista.


Expoente da luta contra a ditadura uruguaia, Mujica foi preso quatro vezes e fugiu duas vezes do Presídio de Punta Carretas. No total, passou cerca de 15 anos na prisão, 11 deles num calabouço, como refém do regime. Saiu da prisão graças à anistia, decretada em 1985.

Criou, então, o grupo Movimento de Participação Política (MPP), dentro da coalizão Frente Ampla.


Foi eleito deputado em 1994, e senador, em 1999. Em 2004, o seu grupo se tornou majoritário dentro da Frente Ampla. Em 2005, foi designado ministro da Agricultura do governo Tabaré Vázquez.

Presidente do Uruguai

Em 28 de junho de 2009, Mujica foi eleito o candidato presidencial da Frente Ampla, superando seus concorrentes com 52,02% dos votos. Mujica venceu as eleições presidenciais no dia 1º de março de 2010 e foi empossado no Palácio da República do Uruguai ao lado do vice, Danilo Astori.


Pepe Mujica rejeitou os benefícios da presidência e se recusou a viver no palácio presidencial. Durante seu mandato, aumentou o salário mínimo em 250% e reduziu a pobreza de 37% para 11%.

Em 2011, posicionou-se contra as operações militares da Líbia e declarou que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, era o governante mais generoso que conhecera.

Vida após a presidência

No dia 1º março de 2015, Mujica encerrou os cinco anos à frente da presidência do Uruguai. Continuou vivendo com simplicidade em uma fazenda nos arredores de Montevidéu, dirigindo um Fusca ano 1978. O ex-presidente doou mais de 90% de seu salário para a caridade.

Em 2015, após deixar a presidência do Uruguai, Mujica foi eleito senador, mas em 2018 renunciou ao cargo e justificou: “Estou cansado da longa viagem e me afasto antes de morrer de velho”.

Em 2019, Mujica decidiu voltar para a política e se candidatou ao Senado pelo Movimento de Participação Popular (MPP), que faz parte da coalizão de esquerda Frente Ampla. Na época, o partido disputou a presidência, em segundo turno, tendo à frente o candidato Daniel Martinez.

Martinez perdeu as eleições para Luis Lacalle Pou, candidato do Partido Nacionalista, também chamado de Partido Blanco.

No dia 20 de outubro de 2020, mais uma vez, Mujica renunciou ao Senado e declarou: “Sinceramente, estou saindo porque a pandemia está me tirando.”

Apesar de ter se aposentado do Senado e da política em 2020, Mujica não deixou de advogar pelas causas que defendia e, após alguns meses de reclusão, participou ativamente do processo eleitoral no Uruguai, em outubro e novembro de 2024 — que culminou na eleição Yamandú Orsi como novo presidente, correligionário de Mujica.

Em 2018, o documentário El Pepe, Uma Vida Suprema, do cineasta sérvio Emir Kusturica — que o considerava “o último herói da política”— foi agraciado no Festival de Veneza com o Prêmio Enrico Fulchignoni do Conselho Internacional de Cinema e Televisão da Unesco.

Mujica deixa a esposa Lúcia Topolansky, política uruguaia com quem foi casado por 20 anos.







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