Mulheres protestam contra assédio sexual em Parlamento no Japão
Vice-ministro da Fazenda japonês que foi acusado de assediar sexualmente várias repórteres renunciou o cargo mas negou as acusações
Internacional|Carolina Vilela* do R7, com Reuters
Mulheres de seis partidos da oposição se reuniram no Parlamento japonês, vestindo roupas pretas e segurando cartazes com a frase "#MeToo", na sexta-feira (20) exigindo que o Ministério das Finanças assuma a responsabilidade por um escândalo de assédio sexual envolvendo um de seus principais burocratas.
Junichi Fukuda, o vice-ministro administrativo da Fazenda, acusado de assediar sexualmente várias repórteres, apresentou sua renúncia na quarta-feira (18), mas negou as acusações. Ele disse que renunciou porque não poderia interromper mais o trabalho no Ministério, que atualmente está envolvido em um escândalo envolvendo a alteração de um documento de venda de terras.
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Kanako Otsuji, membro do Partido Democrático Constitucional do Japão, pediu que Fukuda e o ministro das Finanças, Taro Aso, admitissem as acusações e os acusou de não estarem de acordo com o programa "Womenomics" do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe de mobilizar mais mulheres no mercado de trabalho.
Ela creditou a ideia de usar preto para celebridades americanas que usavam preto no tapete vermelho durante o Globo de Ouro e o Oscar em um ato de solidariedade ao movimento "#MeToo", e para congressistas norte-americanos que usavam preto para se opor a má conduta sexual do presidente dos EUA, Donald Trump. Otsuji também enfatizou a necessidade de criar um ambiente no Japão onde as mulheres não "chorem sozinhas".
O Japão teve poucos casos de assédio sexual envolvendo figuras públicas. As vítimas muitas vezes relutam em falar por medo de serem culpadas.
O Ministério das Finanças disse que continuaria a investigar as alegações em torno de Fukuda através de um escritório de advocacia externo, uma vez que o levantamento interno inicial de fatos havia sido conduzido por um subordinado de Fukuda.
O Ministério também pediu às repórteres que se apresentassem e contatasse o escritório de advocacia se elas estivessem dispostas a cooperar com a investigação, recebendo críticas de vários ministros do governo, incluindo Seiko Noda, uma das duas únicas mulheres no gabinete.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Ana Luísa Vieira