Imigrante grávida diz que soldados do Texas lhe negaram água na fronteira dos Estados Unidos
Carmen de Honduras, que está no sexto mês de gestação, fazia a travessia com o marido para tentar a vida nos EUA
Internacional|Do R7
Uma imigrante grávida que tentava se entregar às autoridades de imigração dos Estados Unidos alegou que soldados da guarda nacional do Texas se recusaram a fornecer água a ela e tiveram outros comportamentos "desumanos". Carmen de Honduras, que tentava cruzar a fronteira com o marido, se encontra atualmente em um abrigo em Eagle Pass, cidade no estado americano do Texas, localizada na fronteira com o México.
"Eles nos disseram que não podiam nos dar água porque não era responsabilidade deles", afirmou Carmen, que disse estar grávida de seis meses, à CNN Internacional. Ela acrescentou que ela e o marido tentaram inicialmente cruzar o rio Grande em 12 de julho, mas foram parados por soldados da guarda nacional do Texas.
"Eles nos disseram que era um crime entrar nos Estados Unidos e que deveríamos voltar para o México. Mostraram-nos algemas e disseram-nos que iriam nos prender", contou.
"Perguntaram-nos por que tínhamos saído dos nossos países", acrescentou a imigrante, relatando que voltou a pedir água horas depois. "Senti que estava sufocando."
Carmen afirmou que ela e o marido acabaram passando a noite na margem do rio Grande, onde havia cobras. Assustada, ela acabou não dormindo.
Depois, a imigrante acabou sendo analisada por um paramédico, que lamentou a situação e disse a ela: "Não sei por que eles a trataram mal, quando tudo que você quer é uma vida melhor". As autoridades de imigração posteriormente levaram Carmen e seu marido para dar andamento ao processo de asilo deles.
O relato de Carmen não é o único entre imigrantes que sofreram maus-tratos na fronteira dos Estados Unidos. No início desta semana, o jornal Houston Chronicle relatou trocas de email entre um policial do estado do Texas e um superior sobre os supostos maus-tratos em estrangeiros que tentavam fazer a travessia.
Os emails alegavam que os oficiais que trabalham ao longo da fronteira receberam ordens de empurrar crianças pequenas e bebês de volta ao rio Grande e também foram instruídos a não dar água aos migrantes, apesar das temperaturas escaldantes que envolveram o Texas.
O policial escreveu que, "devido ao calor extremo, a ordem de não dar água às pessoas precisa ser revertida imediatamente" e reconheceu que os agentes de fronteira ultrapassaram "a linha do desumano".
Um comunicado divulgado pelo gabinete do governador do Texas, Greg Abbott, na terça-feira (18), contestou as alegações de maus-tratos em imigrantes e disse que "nenhuma ordem ou direção foi dada sob a Operação Lone Star que comprometa a vida daqueles que tentam cruzar a fronteira ilegalmente".
Xochitl Hinojosa, porta-voz do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, informou à CNN que "a pasta está ciente dos relatórios preocupantes". Segundo ela, as autoridades estão "trabalhando com o DHS [Departamento de Segurança Interna dos EUA] e outras agências relevantes para avaliar a situação".