Netanyahu inicia tentativa de formar governo em Israel
Primeiro-ministro interino precisa de coalizão, mesmo não contando com maioria no parlamento devido ao fracasso das negociações com Gantz
Internacional|Da EFE
O primeiro-ministro interino de Israel, Benjamin Netanyahu, foi encarregado nesta quarta-feira (25) de tentar formar uma nova coalizão para governar o país nos próximos anos, apesar de não contar com maioria no parlamento devido ao fracasso das negociações com o opositor Benny Gantz.
"É necessário que se crie uma situação para abrir o beco sem saída político no qual estamos. As pessoas não querem outra eleição", alertou o presidente de Israel, Reuven Rivlin, ao confirmar a indicação de Netanyahu para assumir a responsabilidade de formar um novo governo hoje.
As negociações
Nem o Likud, de Netanyahu, nem o Azul e Branco, de Gantz, conseguiram conquistar 61 cadeiras das 120 que formam o parlamento de Israel nas eleições de setembro, a segunda realizada pelo país neste ano. O pleito foi convocado devido à incapacidade de Netanyahu de montar uma coalizão de governo com a composição do Knesset que saiu das urnas em abril.
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A decisão de Rivlin veio depois de dois dias de consultas aos partidos com representação no Knesset. Antes de anunciar hoje a indicação de Netanyahu, o presidente de Israel lembrou que deixou o líder do Likud e seu principal opositor sozinhos em uma sala para negociar uma solução para o impasse político.
Netanyahu insistiu em incluir na negociação seu bloco de aliados, integrado pela aliança direitista Yamina, que conquistou sete cadeiras no parlamento, e pelos ultraortodoxos Shaas e Judaísmo Unido pela Torá, que, juntos, terão 16 deputados no próximo Knesset, uma condição negada pela coalizão Azul e Branco.
Outra questão que atrapalha um possível acordo é a audiência que Netanyahu tem marcada para o próximo dia 2 de outubro com o procurador-geral do Estado de Israel, que pode formalizar acusações contra o primeiro-ministro interino em três casos de corrupção.
Gantz promete, desde antes do pleito, que não governará ao lado de um acusado pela Justiça.
"O Azul e Branco está comprometido com a ideia de unidade, mas, a partir da nossa perspectiva, a ordem apropriada seriam negociações entre os dois grupos mais votados, só eles, para chegar a acordos sobre temas substanciais e o caráter do próximo governo", argumentou Gantz.
Fadado ao fracasso
Com uma recomendação a mais que Gantz para ser o incumbido de formar um novo governo em Israel, Netanyahu aceitou o desafio sabendo que não terá êxito sem o Azul e Branco. Por isso, rebaixou o tom das críticas feitas durante a campanha ao opositor e pediu uma "reconciliação nacional".
"Não poderemos formar um governo a menos que o façamos juntos", disse o líder do Likud.
Netanyahu terá um prazo de quatro semanas, prorrogáveis por mais duas, para desbloquear o impasse político. Fora a aliança com o Azul e Branco, o premiê interino tem a opção de tentar integrar ao seu bloco de aliados o Israel Nosso Lar, do ex-ministro Avigdor Lieberman.
No entanto, o partido, de caráter laico, se nega a entrar em um governo ao lado dos ultraortodoxos, posição que, inclusive, forçou Netanyahu a convocar as eleições de setembro.
Caso Netanyahu fracasse, Rivlin pode indicar Gantz para a missão. O problema, porém, permanece. Apenas com os aliados do Partido Trabalhista e da União Democrática, somados a uma hipotética união com os dez deputados da Lista Árabe, o líder do Azul e Branco não tem votos suficientes para tornar-se primeiro-ministro de Israel.
Para evitar a convocação de uma terceira eleição ainda neste ano, o presidente de Israel pediu que Netanyahu e Gantz se entendam e formem um governo de unidade. Eles parecem apoiar a ideia, mas têm visões de país muito distintas, tornando a hipotética aliança quase impossível.
Uma possível saída de Netanyahu da liderança do Likud é vista como a única opção para que a coalizão com o Azul e Branco saia do papel. A mudança sequer é cogitada pelos integrantes do partido do primeiro-ministro, uma situação que pode se alterar caso ele seja de fato formalmente acusado de corrupção.