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Netanyahu, o "mago" político obcecado com o Irã

Internacional|

Javier García. Jerusalém, 18 jan (EFE).- Benjamin Netanyahu, conhecido até agora como o "mago" da política israelense por sua habilidade para articular as mais surpreendentes alianças e sair com brilho de intrincados labirintos, encontrou no rufar dos tambores de guerra sua última catapulta eleitoral. Se vencer as eleições de 22 de janeiro, como todas as pesquisas apontam, Netanyahu iniciará, com 63 anos, seu terceiro mandato à frente do país e deverá enfrentar uma das decisões mais críticas desde que David Ben Gurion declarou a independência de Israel em 1948: a de atacar ou não o Irã. Consciente do peso dos assuntos relacionados à segurança no inconsciente coletivo israelense, Bibi, como é conhecido popularmente no país, fez da ameaça nuclear iraniana sua principal obsessão e o centro de quase todos seus discursos. Mesmo assim, e apesar de ter se transformado no primeiro-ministro com mais anos no cargo após o fundador do país, as motivações mais profundas de Netanyahu continuam sendo em grande medida um mistério para a maioria dos israelenses. "Estou motivado pela missão de assegurar a existência do Estado de Israel", repete frequentemente, como um mantra de seu ideário político. Uma existência, que embora muitos vinculem à necessidade de resolver o conflito com os palestinos, ele considera essencialmente em perigo pela ameaça iraniana. "Se o Irã conseguir ter armas nucleares, o problema com os palestinos se transformará em irrelevante", assegura o primeiro-ministro. É por isso que, apesar de seus enigmas e de sua conhecida aversão aos riscos, muitos consideram que ele não hesitará na hora de atacar o Irã se contar com o apoio dos Estados Unidos ou tiver os recursos militares suficientes para isso. Netanyahu, que ao contrário de vários de seus antecessores não enfrentou nenhuma guerra em seus sete anos de governo, superou definitivamente sua inclinação à cautela em novembro passado, quando ordenou a operação Pilar Defensivo contra a Faixa de Gaza, que muitos consideram um ensaio de um possível ataque ao Irã. Filho do historiador e ativista sionista Ben Zion Netanyahu, seus críticos consideram que seu governo é voltado principalmente para objetivos a curto prazo. Além disso, Netanyahu nutriria um certo espírito messiânico e como seu pai acredita que a maioria dos árabes representa uma ameaça existencial para Israel, ou que pelo menos não querem a paz com o Estado judeu. Seus seguidores destacam a força com a qual defende alguns de seus princípios básicos, como a segurança e a lealdade a Israel, que o fez retornar de Boston, nos EUA, onde tudo indicava que teria uma brilhante carreira no mundo dos negócios, para retornar ao seu país. Netanyahu, nascido em 1949 em Tel Aviv, um ano depois da criação de Israel, passou grande parte de sua infância e vários anos de sua juventude nos Estados Unidos, onde forjou seu acentuado liberalismo e sua habilidade política e com a imprensa. Sua carreira política começou em 1982 como número dois da legação diplomática de Israel nos EUA. Depois, ele se tornou embaixador do país na ONU. Em 1988, retornou a Israel e em apenas oito anos se transformou no primeiro-ministro mais jovem da história do país, com 46 anos. Um primeiro mandato cambaleante, com acusações de corrupção e tráfico de influência que nunca chegaram a serem julgadas por falta de provas, fizeram com que três anos depois ele perdesse as eleições para Ehud Barak, o que provocou sua retirada temporária da política. Netanyahu retornou em 2001 para ser ministro das Relações Exteriores e depois de Finanças do governo de Ariel Sharon, até que deixou o cargo por discordar da retirada unilateral de Gaza. Quando Sharon entrou em coma após sofrer um AVC e seu sucessor, Ehud Olmert, teve que renunciar após se ver envolvido em casos de corrupção, as portas se abriram para Bibi recuperar o governo à frente do Likud, apesar de em 2009 ter conquistado uma cadeira a menos do que o Kadima de Tzipi Livni. Sua aliança com os partidos ultra-ortodoxos e nacionalistas abriu um período incomum de estabilidade política no país, que no entanto interrompeu os avanços no processo de paz conseguidos por Olmert. Casado e pai de três filhos, Netanyahu deseja desta vez ser o candidato mais votado, sustentado pela pujança da economia israelense e sobretudo pela imagem de um "primeiro-ministro forte", seu principal slogan de campanha. "Ninguém sabe o que os judeus esperam no século XXI, mas devemos fazer todos os esforços para assegurar que será melhor do que ocorreu no XXI, o século do Holocausto", proclama como a síntese mais perfeita de seu ideário político. EFE jg/dk

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