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Nigéria: casal dedica a vida a resgatar gêmeos perseguidos

Steven e Chinwe Olusola mantêm orfanato com 129 crianças e jovens que seriam entregues a rituais de sacrifício

Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7

Steven Olusola cuida de casa com 129 crianças e jovens rejeitados por tribos
Steven Olusola cuida de casa com 129 crianças e jovens rejeitados por tribos

Em vilarejos nos arredores da capital da Nigéria, Abuja, ter um irmão gêmeo pode significar uma sentença de morte. “Por causa de superstições centenárias, algumas tribos e comunidades matam bebês gêmeos por acreditar que eles são predestinados a assassinar os próprios pais na vida adulta”, conta o nigeriano Steven Olusola em entrevista exclusiva ao R7.

Olusola trabalhava como missionário e professor na Universidade de Abuja em 1996 quando sua esposa, Chinwe, foi abordada por uma mãe na igreja que o casal frequentava.

“Ela chegou até mim com medo que seu filho recém-nascido fosse morto por vizinhos em um ritual de sacrifício para ter uma boa colheita naquele ano. Ela me deu a criança para que eu a protegesse inclusive do próprio pai, que queria sacrificá-la. Eu disse que a criança não ia morrer — e estou com ela até hoje”, conta a mulher.

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Conforme a notícia de que Steven e Chinwe resgataram o bebê se espalhou pela região, mais pessoas passaram a procurá-los para evitar que seus filhos recém-nascidos — principalmente gêmeos — fossem entregues a rituais de sacrifício. “A responsabilidade ficou tão grande que eu deixei meu trabalho na Universidade. Não cabíamos mais no meu apartamento”, relata Olusola.


Abrigo para os rejeitados

Orfanato se mantém com doações
Orfanato se mantém com doações

Ao lado da mulher, o nigeriano fundou a Vine Heritage Home Foundation. O objetivo é resgatar os bebês rejeitados pelas comunidades por serem gêmeos — e também os renegados por serem albinos, deficientes físicos e órfãos em geral.


“Hoje, vivemos em uma casa com dezoito quartos, junto de 129 crianças e jovens”, conta o nigeriano.

Para manter o projeto, Steven Olusola conta com doações de pessoas e empresas da Nigéria. “Somos missionários e não ganhamos salário nenhum. Não contamos com nenhuma ajuda do governo. O maior desafio é alimentar todos. Muitos chegam com poucos meses de vida, sequer foram amamentados, então temos que comprar alimentos para recém-nascidos e leite pra eles. Gastamos aproximadamente 40.000 nairas (R$ 449,60) com isso todo mês. As crianças mais fracas têm a imunidade muito baixa, então também acabam apresentando problemas de saúde”, relata.


Atualmente, o bebê mais novo a morar no abrigo tem um mês de idade. A mais velha é a jovem resgatada em 1996 — que hoje tem 22 anos.

Os episódios comoventes vividos pelo casal na última década são muitos, segundo Chinwe.

“Certa vez, em um vilarejo, havia esta mãe que acabara de ter um filho. Ela teve uma vida muito difícil, estava muito doente quando a criança nasceu e sequer conseguia amamentar. Outra mulher teve que amamentar o bebê. A mãe acabou morrendo e queriam amarrar a criança ao corpo dela no momento do enterro. Felizmente, uma pessoa resgatou o bebê, que estava muito fraco, e trouxe até o nosso abrigo. Já faz dezenove meses. Hoje ele anda, brinca e tem saúde”, diz a mulher.

Futuro mais seguro

Para o futuro, o missionário espera que as comunidades abram mão das práticas que ofereçam riscos à vida das crianças. Ele trabalha para a conscientização das populações em mais de 400 tribos.

Olusola trabalha para futuro mais seguro
Olusola trabalha para futuro mais seguro

“Minha torcida é para que cada uma das comunidades tenha um ambiente seguro para os bebês. Também faço o possível para que todos estudem e tenham uma boa educação. Quero que eles tenham autonomia e consigam se manter por si mesmos quando crescerem, mesmo que não voltem às suas tribos”, conclui.

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