Nos EUA, 7 estados reabrem, mas ritmo de mortes pode aumentar
Estados como a Flórida começam a reabertura, mas jornais revelam que o governo prevê que número diário de mortes por covid-19 pode subir
Internacional|Da EFE
Sete estados dos EUA e Porto Rico começaram nesta segunda-feira (4) a reabrir sua economia, enquanto de maneira privada a Casa Branca estima que o ritmo de mortes causadas pelo coronavírus pode duplicar até chegar a 3 mil por dia, segundo informaram veículos da imprensa local. O governo nega a avaliação.
Sete estados (Flórida, Indiana, Kansas, Missouri, Nebraska, Carolina do Sul e Virgínia Ocidental) e Porto Rico, que é um território livre associado aos EUA com autonomia limitada, começaram a abrir as portas de alguns restaurantes, academias e salões de beleza.
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No entanto, a reabertura ocorre de maneira gradual. Cada estado pode definir suas próprias regras sobre quais negócios podem ser retomados e em que condições, e quais devem permanecer fechados.
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Por exemplo, nesta segunda-feira (4), a maior parte dos restaurantes e lojas da Flórida puderam colocar um cartaz de "aberto", mas só podiam servir clientes até chegar a 25% de sua capacidade.
O plano de reabertura na Flórida não vale para os dois condados da área metropolitana de Miami (Miami-Dade e Broward) nem a Palm Beach, que seguirão em quarentena por terem sido os mais atingidos pelo coronavírus, que em todo estado causou mais de 35 mil contágios e mais de 1,3 mil mortes.
No estado, as academias e salões de beleza continuam fechados. Esses estabelecimentos puderam reabrir em outros estados, como Missouri e Carolina do Sul.
Califórnia anuncia reabertura
No total, 24 dos 50 estados norte-americanos já reabriram parte de suas economias, ao passo que os estados mais atingidos pela pandemia, como Nova York, Nova Jersey e Michigan continuam fechados. Esses, no entanto, planejam começar uma reabertura por fases nas próximas semanas.
Por sua vez, o governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, anunciou que na próxima sexta-feira lojas de menores dimensões como livrarias, floriculturas, lojas de brinquedo e de artigos esportivos, poderão começar a abrir. Restaurantes ainda não receberam a mesma autorização.
"Vamos entrar na próxima fase esta semana. Esse é um sinal muito positivo e só conseguimos chegar até aqui por um motivo: os dados dizem que isso pode acontecer", afirmou Newsom em uma coletiva de imprensa.
A Califórnia foi um dos primeiros estados a serem atingidos pelo coronavírus, mas nas últimas semanas conseguiu reduzir o número de contágios, que chegou a 52 mil no total.
Mais de 3 mil mortes por dia
Enquando os preparativos para reabrir a economia aceleram, o governo norte-americano revisou suas previsões sobre a mortalidade do vírus, segundo os jornais The New York Times e Washington Post, que tiveram acesso nesta segunda-feira a um documento interno do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).
Segundo o relatório, a administração estima que o vírus poderia causar até 3 mil mortes por dia até 1º de junho, quase o dobro em comparação coma média registrada atualmente de 1.750 óbitos.
Além disso, os contários poderiam chegar a 200 mil por dia até o final deste mês, cerca de 25 mil a mais do que se contabiliza atualmente.
Em resposta, um porta-voz da Casa Branca, Judd Deere, não chegou a negar que as estimativas estejam certas, mas explicou que o documento não é definitivo, não foi respaldado pelos diferentes setores do governo e tampouco havia sido revisado pelo grupo de especialistas criado para combater a pandemia.
Por isso, Deere defendeu que os dados "não são representativos".
"As diretrizes que o presidente Trump apresentou para reabrir os EUA estão baseadas em um enfoque científico que foi feito de comum acordo pelos principais especialistas em saúde e doenças infecciosas do governo federal. A saúde do povo norte-americano segue sendo a principal prioridade, disse Deere.
No domingo, em uma entrevista com a rede Fox, o presidente elevou sua estimativa de mortes e disse que o coronavírus poderia custar a vida de 75 mil a 100 mil pessoas nos EUA.
Dívida trilionária
Apesar dos riscos, o presidente convidou os estados a reabrir seus negócios, na tentativa de evitar uma deterioração ainda maior na economia, com altos números de desemprego e endividamento.
Nesta segunda, Trump deu permissão ao Departamento do Tesouro para emitir títulos de dívida no valor total de US$ 2,99 trilhões (cerca de R$ 16,40 trilhões) de abril até junho, com o objetivo de financiar as medidas de estímulo econômico.
Os US$ 2,99 trilhões em dívida pública correspondem a quase o dobro do que o Tesouro pediu em empréstimos durante todo o ano passado, quando emitiu um total de US$ 1,28 trilhão (cerca de R$ 7 trilhões) em títulos de dívidas.
Nos EUA, o coronavírus já provocou mais de 1,1 milhão de casos confirmados e mais de 68 mil mortes, de acordo com a contabilização da Universidade Johns Hopkins.