Nos países da OCDE, quase metade da população tem baixa confiança no governo nacional
Relatório aponta também que a confiança na polícia e no sistema judicial é de 63% e 54%, respectivamente
Internacional|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
Estudo elaborado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aponta que, nos 30 países que constituem a organização, a porcentagem de pessoas com baixa ou nenhuma confiança no governo nacional é de 44%, contra 39% daqueles com alta ou moderadamente alta confiança.
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De acordo com o levantamento, a confiança na polícia, no sistema judicial, no sistema civil e no governo local é maior do que no governo nacional, com respectivamente 63%, 54%, 45% e 45%, enquanto o parlamento e os partidos políticos provocam níveis mais baixos de confiança, com respectivos 37% e 24%.
Segundo o relatório, elaborado entre outubro e novembro do ano passado, as condições socioeconômicas e demográficos são características importantes. “Pessoas que se sentem financeiramente inseguras, as mulheres e as pessoas com baixos níveis escolares, bem como aqueles que relatam pertencer a um grupo que é discriminado, relatam consistentemente níveis mais baixos de confiança em governo”, diz.
“Os resultados mostram que os cidadãos desejam ter mais voz na tomada de decisões, para garantir que seja justa, baseada em evidências, responsável e transparente. Garantir que o envolvimento dos cidadãos seja significativo e inclusivo, apoiando informações abertas e comunicações transparentes, promovendo a integridade da informação e padrões de transparência nos processos de elaboração de políticas e serviços públicos, ajudará a melhorar o processo democrático e, em última análise, a reforçar a confiança no governo”, disse o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann.
A pesquisa alerta que a maioria dos cidadãos que utilizam os serviços públicos afirma sentir relativa satisfação com a saúde (52%), educação (57%) e administrativos (66%). Além disso, a maioria da população acredita que as instituições públicas usam os dados pessoais para fins legítimos (52%).
Em contrapartida, embora a maioria ainda acredita que o seu governo está pronto para proteger as pessoas em caso de emergência, apenas 37% dizem que o governo equilibra os interesses de diferentes gerações de forma justa e cerca de 40% afirmam que o governo vai regulamentar tecnologias de forma adequada a fim de reduzir os gases de efeito estufa nos próximos anos.
OCDE
A OCDE, fundada em 1961, reúne países com os maiores índices de desenvolvimento humano e econômico. Por isso, é apelidada de “clube dos ricos”. O colegiado atua na cooperação e discussão de políticas públicas e econômicas para guiar as nações associadas.
Fazem parte os seguintes países: Austrália, Bélgica, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Tcheca, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Islândia, Irlanda, Itália, Coreia do Sul, Letônia, Luxemburgo, México, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suíça, Suécia e Reino Unido.
Brasil
Como mostrou o R7, o Brasil aderiu a menos da metade dos instrumentos recomendados para integrar a OCDE. Das 271 diretrizes estabelecidas pela organização, o país fez adesão de 119, o que representa 44% do total, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria.
Entre os 17 temas abordados nas diretrizes, o Brasil não aderiu a nenhum instrumento em três assuntos, entre eles energia nuclear, energia e transporte. Apesar dos indicadores, o país se destaca entre as demais nações candidatas a integrar a organização, com uma média de 21 pontos percentuais à frente da Romênia, Bulgária, Argentina, Peru e Croácia.