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O que está por trás das ameaças de Trump de anexar a Groenlândia aos EUA

Trump afirmou que pretende usar a força econômica dos EUA para atingir os objetivos da nação, como a aplicação de sanções ou o aumento de tarifas

Internacional|Do R7

O presidente dos EUA, Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca, em Washington (EUA). Isac Nóbrega/PR

Prestes a ser empossado em seu segundo mandato como presidente dos EUA, Donald Trump afirmou na terça-feira (7) que não descarta anexar a Groenlândia ao território norte-americano. A ilha, que se estende por cerca de 2.670 km de norte a sul e mais de 1.050 km de leste a oeste, pertence à Dinamarca.

Trump ameaçou elevar tarifas contra a Dinamarca caso o país tente impedir os Estados Unidos de adquirir a Groenlândia. O republicano também não descartou o uso de força militar durante a anexação.

O que tem na Groenlândia que interessa Trump?

Por estar geograficamente localizada no continente norte-americano, a Groenlândia é considerada um território estratégico para os interesses bélicos dos EUA. A ilha poderia abrigar sistemas de interceptação balística e detecção de submarinos russos. O exército norte-americano já possui uma base aérea na região, conhecida como Aeroporto de Thule ou Aeroporto de Pituffik.

Além de posições geográficas favoráveis, a ilha dinamarquesa é rica em petróleo e gás natural. Entretanto, a extração desses recursos enfrenta forte oposição dos povos indígenas da região e entraves burocráticos do governo.


Como os EUA podem obter a Groenlândia?

Pelas vias democráticas, a população da Groenlândia poderia votar pela independência e aprovar, em referendo, uma associação aos Estados Unidos. Especialistas ouvidos pela agência de noticias Reuters, no entanto, acreditam que existe uma baixa probabilidade de isso acontecer.

Durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), o republicano afirmou que faria uma oferta para comprar a Groenlândia. Na época, as autoridades da ilha disseram que o território não estava à venda.


Na entrevista realizada na terça-feira, Trump afirmou que pretende usar a força econômica dos EUA para atingir os objetivos da nação, como a aplicação de sanções ou o aumento de tarifas.

Há sinais de possível invasão dos EUA?

O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, alertou Donald Trump sobre as ameaças às “fronteiras soberanas” da União Europeia, ressaltando que a Groenlândia é um território autônomo pertencente à Dinamarca, integrante do bloco europeu.


“Não há dúvida de que a UE não deixará outras nações do mundo, sejam elas quais forem, atacarem suas fronteiras soberanas”, disse Jean-Noël Barrot, à rádio France Inter nesta quarta-feira (8).

“Se você está me perguntando se eu acho que os Estados Unidos vão invadir a Groenlândia, minha resposta é não. Mas será que entramos em um período de tempo em que sobrevive o mais forte? Então minha resposta é sim”, disse Barrot.

O representante francês ainda disse que a UE não deve se intimidar ou ficar excessivamente preocupada, mas deve “acordar e se fortalecer”.

Na esteira das declarações do republicano, o filho do presidente eleito, Donald Trump Jr., fez uma visita privada à Groenlândia na terça (7). Trump Jr. chegou a bordo do avião particular do pai, o “Trump Force One”, por volta das 13h (horário local).

Nenhuma reunião havia sido agendada entre Trump Jr. e funcionários do governo da Groenlândia, segundo um representante local ouvido pela Reuters.

“Não, eu não vou comprar a Groenlândia”, afirmou Trump Jr. em um podcast na segunda-feira (6). “Ironicamente, estou indo à Groenlândia apenas para uma viagem pessoal de um dia”, disse o filho do republicano.

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