O que Merkel tem? Chanceler alemã reina no topo das mais poderosas
Angela Merkel figura na lista das mulheres influentes, as que mudam o mundo
Internacional|Andrea Miramontes, do R7
Pela sétimo ano consecutivo, a chanceler alemã Angela Merkel lidera o ranking das 100 mulheres mais influentes do Planeta, feito pela revista Forbes. O que faz dela um mulherão?
Estudiosos apontaram vários motivos, e todos eles estão ligados a duas palavras que Merkel domina sem hesitar: liderança e força. Com a vitória nas últimas eleições alemãs, permanece no poder há 12 anos.
"Apesar das críticas internas, foi reeleita e domina assuntos polêmicos. Ela é a favor da entrada de refugiados no país, fez da Alemanha um dos países mais sustentáveis, inclusive na questão energética, mantém a economia da Alemanha estável apesar da crise na Europa, e hoje consegue um dos menores índices de desemprego do mundo", aponta Denilde Holzhacker, professora de relações internacionais da ESPM.
Atualmente, a taxa de desemprego da Alemanha é de 3,7 %, de acordo com informações da União Européia. Representa quase um terço do número na França (9,5%) e é quatro vezes menor do que a do Brasil, 12,6%, levantada no último trimestre pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para o professor Sidney Leite, especialista em Relações Internacionais e Pró-reitor do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Angela Merkel deve seu sucesso como líder à habilidade de negociação, "fato raro entre os governantes das principais potências internacionais".
"Ela coloca em prática, com êxito, o princípio do ganha-ganha. Posso ganhar uma negociação, sem que o outro lado seja derrotado. Demonstrou isso durante a crise grega, e os resultados são irrefutáveis", completa.
Elas mudam o mundo
Na divulgação do ranking, a Forbes lembra que a Alemanha é a quarta maior economia do mundo, e a maior liderada por uma mulher. Menos de 10% dos países da ONU têm líderes mulheres, e o topo da lista está preenchido por poderosas capazes de tomar decisões que afetam o curso da história.
"Ela coloca em prática o ganha-ganha%3A posso ganhar uma negociação%2C sem que o outro lado seja derrotado"
Mas Merkel não se limita ao sucesso alemão e se projeta nas questões globais. Como relembra a professora Holzhacker, a líder foi peça-chave no sucesso do acordo do clima, em 2015. A Conferência de Paris, criada para reduzir os danos do aquecimento global, foi defendida com unhas e dentes por ela e por Obama. Agora, Trump retirou os EUA do tratado.
"Teve liderança e força de convencimento no acordo, quando alguns países não queriam fazer parte, como a China. Mantém papel importante na União Européia, pró-integração, e quer ajudar, inclusive, os países do Leste europeu. Também se posicionou contra o Brexit", avalia Holzhacker.
Diante do Brexit, ela demonstrou a firmeza para defender o bloco, como reforça Sidney Leite. "Simultaneamente, não ocupou a posição belicosa de outros líderes europeus. Ele sabe que os adversários não devem ser acuados, mas sempre devem ter uma janela aberta para negociar. Sua liderança inibiu a emergência de movimentos parecidos"
Sidney reforça ainda que Merkel consegue sempre uma posição moderada em situações que levariam à instabilidade. "Ela tem o equilíbrio como parâmetro de retórica e de ação e, ao contrário de líderes, como Donald Trump, a realidade para Angela Merkel não um problema, mas a solução", finaliza.
Abaixo, veja as mulheres que estão no ranking das mais influentes: