Obama fala sobre Coreia do Norte e notícias falsas em São Paulo
"O mundo vê a volta do nacionalismo e a xenofobia", disse o ex-presidente
Internacional|Do R7

O ex-presidente dos EUA Barack Obama começou sua palestra em São Paulo na manhã desta quinta-feira (5) falando sobre desafios globais como desigualdade social, o compartilhamento de notícias falsas da internet, os benefícios trazidos pela tecnologia, a crise envolvendo a Coreia do Norte e a imigração ao redor do mundo.
— O mundo está mais conectado do que jamais esteve, mas mesmo que a internet tenha total capacidade de espalhar conhecimento, ela empodera quem só quer espalhar terror e medo. Nós também vemos, muitas vezes, a internet contribuir com a tribalização da política na era da informação instantânea. É natural que os arranjos sociais sejam afetados com toda essa disrupção tecnológica.
Durante sua palestra, Obama reforçou a importância de os cidadãos repensarem seus arranjos sociais e econômicos de forma que as mudanças positivas trazidas pela tecnologia funcionem para todos e não só para alguns.
— Hoje, o mundo vê a volta do nacionalismo e a xenofobia. Será que nós podemos convencer pessoas de que não vale a pena voltar a esses movimentos? Será que podemos fazer políticas que inspirem pessoas a substituir o medo pela esperança? Devemos mostrar a todos a importância do pluralismo, da diversidade e do império da lei.
O ex-presidente norte-americano reforçou, por outro lado, que seria mais perigoso seria se os governos começassem a censurar ou a restringir a informação que flui pela internet. "Essa é a direção errada a seguir. Uma vez que você combina o poder do Estado ao poder da informação, você tem o início de uma tirania", disse. Enquanto respondia a questões feitas pelo mediador da palestra, Obama ainda reforçou a importância de as comunidades que se formam online se reunirem também offline. "Eu sempre falo às minhas filhas, que estão o tempo todo teclando em seus smartphones: por que você não vai encontrar essa pessoa com quem você está trocando mensagens no celular?", arrancando risos da plateia.
Desafios no Brasil e crise internacional
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O ex-presidente norte-americano ainda comentou sobre sua vinda anterior ao Brasil, em 2011 — quando esteve com Michelle Obama e suas filhas, Malia e Sasha, em pontos turísticos como o Cristo Redentor.
"O Brasil foi o primeiro país da América do Sul que visitei como presidente", ponderou. Na opinião de Obama, "como americanos, devemos reconhecer que enfrentamos desafios sobre como compor o futuro da região e compor o futuro do mundo".
Barack Obama afirmou ainda que períodos de crise demandam cooperação internacional e que é essencial diminuir o espaço existente hoje entre países ricos e pobres. O ex-presidente também não deixou de citar a questão das mudanças climáticas, aludindo à recente temporada de furacões enfrentada pelos EUA.
— Vivemos a tendência de passar por furacões mais fortes no futuro se as temperaturas continuarem subindo. Eu tenho orgulho de ter adotado, no meu governo, medidas que mostraram que progresso econômico e proteção ambiental não estão em conflito.
A situação de confronto entre o governo americano e o presidente da Coreia do Norte foi abordada por Obama com preocupação. Para o líder americano, "não é possível resolver problemas apenas com tanques e aviões de guerra".
Imigração global e união apesar das diferenças
A questão dos refugiados, por sua vez, rendeu comparações por parte do ex-presidente entre EUA e Brasil. Para Obama, é imprescindível reconhecer o fluxo de novas ideias e o dinamismo econômico trazido por refugiados para cada país.
— Nós devemos ter um senso renovado de abertura para as pessoas de diferentes culturas que não se parecem conosco. Sociedade e história multirracial são fatores em comum entre Estados Unidos e Brasil. A minha esperança é de as pessoas vejam isso como fonte de força e não de separação.
Obama reconheceu, ao fim da rodada de perguntas e respostas que ocorreu após o pronunciamento inicial, que se sentiu — de certa forma — pouco capaz de unir as pessoas apesar de suas diferenças ao fim de 2016 — quando viu Hillary Clinton, candidata do Partido Democrata nas eleições dos EUA, não ser eleita sua sucessora no poder.
— A boa notícia é que não só nós, presidentes e ex-presidentes, podemos fazer isso. Todos nós, como cidadãos, podemos promover a união a despeito de nossas diferenças. Eu pretendo ter pela frente ainda uns 20, 30 anos para promover ações nesse sentido.
Obama é o principal palestrante do Fórum Cidadão Global e discursou para representantes do empresariado brasileiro. O tema da palestra foi "Mudar o mundo, sim, você pode", e os ingressos custaram de R$ 2,5 mil a R$ 7,5 mil.
Nos últimos meses, o democrata já discursou e palestrou em nações como Alemanha, Itália e Indonésia, e sua agenda ainda inclui a Argentina, onde estará nesta sexta-feira (6).
Fotógrafo oficial da Casa Branca, Pete Souza tirou aproximadamente duas milhões de fotos do presidente Barack Obama ao longo de seus oito anos de mandato. Nesse meio tempo, ele capturou o chefe de Estado em todas as situações: seja relaxando com sua fa...
Fotógrafo oficial da Casa Branca, Pete Souza tirou aproximadamente duas milhões de fotos do presidente Barack Obama ao longo de seus oito anos de mandato. Nesse meio tempo, ele capturou o chefe de Estado em todas as situações: seja relaxando com sua família ou sentado na sala de situação, esperando para saber o resultado da missão de maio de 2011 que resultou na morte de Osama Bin Laden

































