Ocidente volta a pressionar China para que deixe de apoiar a Rússia
Governo russo teria pedido ajuda econômica e militar a Pequim em meio às sanções impostas pela Europa e pelos EUA
Internacional|Do R7
A China está sob intensa pressão diplomática da Europa e dos Estados Unidos para que pare de apoiar a Rússia e sua economia, atingida por inúmeras sanções desde a invasão da Ucrânia.
Os países ocidentais impuseram várias sanções nas últimas semanas que podem até levar a Rússia a dar um calote em sua dívida, segundo a agência de classificação financeira Fitch.
As sanções vão desde o congelamento de ativos até a proibição de exportar determinados produtos para a Rússia, passando por medidas para paralisar o setor bancário ou o fechamento do espaço aéreo europeu para empresas do país.
Mas Pequim está relutante em parar de apoiar seu aliado.
O governo russo, isolado e lutando contra a desvalorização de sua moeda, teria pedido ajuda econômica e militar à China, e, segundo o jornal americano The New York Times, que cita fontes anônimas, a China parece ter respondido positivamente à demanda, pelo menos em parte.
Mas é difícil para Pequim encontrar o equilíbrio entre sua amizade com a Rússia e seu desejo de evitar o conflito de interesses internacionais e até mesmo estar sujeita a sanções ocidentais.
Os Estados Unidos descreveram nesta segunda-feira (14) como "profundamente preocupante" o "alinhamento" entre Pequim e Moscou, após uma reunião em Roma entre Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional dos EUA, e Yang Jiechi, alto funcionário diplomático do Partido Comunista Chinês (PCC).
Desde o início da invasão, a China se recusou a condenar abertamente a operação militar. Na semana passada, chamou sua amizade com a Rússia de "sólida".
Armas para a Rússia?
"A China está pensando em seus próprios interesses", diz Alexander Gabuev, especialista em relações sino-russas do Carnegie Moscow Center, em Moscou.
"Uma Rússia mais fraca é provavelmente uma Rússia que servirá melhor aos seus interesses, porque terá mais influência sobre ela", diz o especialista.
No momento, a China tenta aparecer como uma potência neutra, pedindo "contenção" e negociação entre Rússia e Ucrânia, enquanto critica a expansão da Otan.
Leia também
A imprensa dos EUA, citando fontes não identificadas, diz que Pequim está disposta a apoiar a economia russa e até mesmo a fornecer armas e apoio logístico às tropas do presidente da Rússia, Vladimir Putin, na Ucrânia.
A AFP não conseguiu verificar essas alegações.
O chefe de política externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, em linha com outros países ocidentais, disse que pediu a Pequim que exerça sua "considerável influência" sobre Moscou para garantir um cessar-fogo.
Um apelo aparentemente para o vazio.
Na China, a mídia estatal pegou alguns dos argumentos do Kremlin, como a Ucrânia usando civis como escudos humanos e os Estados Unidos financiando programas biológicos militares na Ucrânia.
"A posição chinesa não é tão pró-Rússia quanto antiamericana", diz Gabuev.
A invasão da Ucrânia, que ocorreu três semanas após a visita de Vladimir Putin a Pequim para os Jogos Olímpicos, pode prejudicar a amizade sino-russa, descrita como "ilimitada" durante a visita do líder do Kremlin.
"Quanto mais longo e violento for o conflito, mais complicada será a situação para a China", prevê Ni Lexiong, professor do Instituto de Estratégia de Defesa Nacional de Xangai.