Internacional OMS desiste de publicar relatório preliminar de missão na China

OMS desiste de publicar relatório preliminar de missão na China

Segundo jornal, apenas documento final será publicado para evitar maiores tensões entre governo chinês e Estados Unidos

  • Internacional | Da Ansa

OMS desiste de publicar relatório preliminar de missão na China

OMS desiste de publicar relatório preliminar de missão na China

Thomas Peter/Reuters - 29.01.2021

O comitê de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) que foi a Wuhan, na China, para investigar as origens da pandemia de covid-19 não divulgará o relatório preliminar como havia sido anunciado anteriormente, informou o Wall Street Journal nesta sexta-feira (5).

Segundo a publicação, apenas o documento final e revisado será publicado para tentar evitar o aumento ainda maior na tensão entre Estados Unidos e China no assunto. Enquanto os chineses se dizem "transparentes" e cobram que o início da crise sanitária também seja investigada nos EUA, Washington acusa Pequim de dificultar o trabalho dos especialistas e de esconder informações cruciais.

A decisão contraria o que o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, havia anunciado em 12 de fevereiro. Naquele dia, o chefe do órgão informou que um relatório interino seria divulgado "em breve" e a notícia também havia sido confirmada por alguns dos membros da equipe que foi a Wuhan.

No entanto, o WSJ entrevistou Peter Ben Embarek, líder da equipe na China, que confirmou que apenas o relatório final será publicado "nas próximas semanas e irá incluir as descobertas principais". Ainda conforme Embarek, um relatório preliminar "não teria todos os detalhes" e, dado o "enorme interesse" nesse documento, "um resumo não iria suprir a curiosidade dos leitores".

O jornal norte-americano ainda destaca que um grupo de 26 cientistas internacionais enviou uma carta à OMS pedindo que o relatório de Wuhan seja eliminado e um novo seja feito por considerarem que Pequim ocultou informações importantes sobre o início da pandemia. Isso porque eles consideram que deveriam ter sido ouvidas as pessoas que atuaram já nos primeiros casos, sejam médicos, enfermeiros ou pacientes que sobreviveram - algo que não ocorreu.

O comitê da OMS foi acompanhado por um grupo de cientistas chineses durante todas as investigações, o que mostra que Pequim tinha acesso a todas as informações que estavam sendo requisitadas e obtidas.

A cidade de Wuhan é considerada o "marco zero" global da pandemia de covid-19 por ser o local onde os primeiros casos de uma "pneumonia anormal" foram registrados em dezembro de 2019.

Muitos cientistas e governos acusam Pequim de ter demorado para notificar os casos e por ocultarem a gravidade da crise sanitária que já enfrentavam.

No entanto, os chineses dizem que foram apenas os primeiros a notificarem a doença e usam como base para a acusação o fato de que vários países europeus - e até mesmo os EUA - têm estudos dizendo que o coronavírus Sars-CoV-2 foi encontrado em amostras de sangue de pacientes e no esgoto entre os meses de setembro e dezembro de 2019.

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