ONU diz temer por jornalista preso por Belarus após aparição na TV
Organização diz que foi possível notar feridas no rosto de Roman Protasevich e que ele pode ter sido coagido a vir à público
Internacional|Da EFE
A ONU afirmou nesta terça-feira (25) que teme pela segurança do jornalista Roman Protasevich, preso pelo governo de Belarus após desviar o voo civil em que viajava para a Lituânia. A organização destacou que sua aparição ontem na televisão estatal bielorrussa não foi nada tranquilizadora, uma vez que foi possível notar feridas em seu rosto.
O mais provável é que essa aparição, na qual confessa ter cometido crimes, tenha sido resultado de coação, segundo disse o Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU, que é chefiado pela ex-presidente chilena, Michelle Bachelet.
"As informações obtidas sob coação não podem ser utilizadas contra o senhor Protasevich em qualquer processo judicial. Tais confissões são proibidas pela Convenção Contra a Tortura", destacou o porta-voz do gabinete de Bachelet, Rupert Colville.
"Como muitos outros, estamos chocados com a detenção ilegal e arbitrária do senhor Protasevich após o avião em que viajava ter sido desviado à força para a capital de Belarus, aparentemente sob falsos pretextos e com o propósito expresso de capturá-lo", acrescentou o representante da ONU.
Colville disse que a agência das Nações Unidas busca obter garantias de que o jornalista e ativista, que vivia no exílio na Grécia, será tratado de forma digna e não será submetido à tortura, como supostamente aconteceu a centenas de manifestantes que participaram pacificamente em protestos contra as eleições fraudulentas de Belarus em 2020.
A ONU também está preocupada com o destino da namorada de Protasevich, que viajava com ele e que também foi detida arbitrariamente.
Colville disse que, além disso, as autoridades bielorrussas violaram os direitos humanos dos passageiros do avião desviado por aviões militares de Belarus, aterrorizando-os e pondo-os em perigo.
"Este episódio inacreditável representa uma nova fase na repressão das autoridades bielorrussas contra a imprensa e a sociedade civil em geral", lamentou Colville.
A ONU também receia que o que aconteceu seja um sinal de uma maior repressão de vozes dissidentes, não só no interior do país, mas também no exterior.