ONU pede ajuda contra praga de gafanhotos na África
Países do oeste africano sofrem com enxames do tamanho de Manhattan, capazes de comer em um só dia tanto quanto toda a população do Quênia
Internacional|Da EFE
As Nações Unidas pediram a seus doadores, nesta segunda-feira (10), que forneçam urgentemente fundos para conter na África Oriental a praga de gafanhotos, insetos que se movem em enxames do tamanho de Manhattan e são capazes de comer em um só dia tanto quanto toda a população do Quênia.
"A menos que haja uma resposta rápida, vamos ter um enorme problema neste ano", declarou o chefe humanitário da ONU, Mark Lowcock, em entrevista coletiva.
Lowcock, juntamente com especialistas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), se reuniu com representantes do governo em Nova York nesta segunda-feira para tentar convencê-los da urgência de doar fundos para combater o problema.
ONU pede US$ 76 milhões
No início deste ano, a ONU pediu US$ 76 milhões (R$ 328 milhões), dos quais apenas US$ 20 milhões (R$ 86 milhões) foram obtidos até agora, mais da metade destinado pela própria organização.
O chefe dos serviços humanitários da entidade salientou que, no contexto internacional, o montante não é muito elevado e permitiria evitar ter de fazer desembolsos muito maiores em poucos meses para responder ao risco de fome.
"O momento de agir é agora", insistiu o Diretor de Emergências da FAO, Dominique Burgeon, que alertou que as necessidades humanitárias serão "enormes" se a praga não for interrompida muito em breve.
A ONU lembrou que a Etiópia, o Quênia e a Somália, os países mais afetados, são o lar de 13 milhões de pessoas com insegurança alimentar, 10 milhões das quais vivem em áreas diretamente afetadas pelo problema, o que ameaça arruinar as colheitas.
Gafanhotos vêm da Península Arábica
Os insetos chegaram à África Oriental vindos dos desertos da Península Arábica, onde a passagem de vários ciclones tropicais nos últimos anos criou condições propícias à reprodução. Novas tempestades nos países africanos complicaram ainda mais a situação, o que é inédito nos últimos 25 anos, de acordo com a ONU.
Keith Cressman, especialista em gafanhotos da FAO, explicou que os animais se movem em enormes enxames, compostos por centenas de milhões de insetos, e que se nenhuma ação for tomada agora eles poderiam se espalhar para outras áreas, incluindo o norte da África e sudoeste da Ásia.
"Pense em um enxame que cobre toda Manhattan, de sul a norte. Este é apenas um enxame médio, não muito grande", declarou Cressman para ilustrar o tamanho da ameaça em Nova York.
Segundo o especialista, em um único dia, um enxame do tipo pode consumir tanta comida quanto toda a população do Quênia, um país de mais de 53 milhões de pessoas. A potencial destruição, segundo ele, é tremenda, e as consequências de não agir agora para eliminar os gafanhotos "não podem ser subestimadas".
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