ONU pede que China liberte jornalista em estado de saúde grave
Presa desde maio de 2020, Zhang Zhan está em greve de fome e sua condição deteriorou, segundo representante da ONU
Internacional|Do R7
O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos expressou nesta sexta-feira (19) preocupação com o estado de saúde da jornalista chinesa Zhang Zhan, que está detida por mais de um ano após relatar os primeiros meses da pandemia de Covid-19 na cidade de Wuhan, e pediu por sua "libertação imediata".
"Pedimos às autoridades chinesas que considerem a libertação imediata e incondicional de Zhang, mesmo por razões humanitárias, e que lhe prestem cuidados médicos para salvar sua vida, respeitando sua dignidade", disse a porta-voz do Escritório Marta Hurtado em um comunicado.
Zhang, premiada ontem pelo Repórteres Sem Fronteiras e que está atualmente em greve de fome para protestar contra seu cativeiro, foi condenada a quatro anos de prisão em dezembro de 2020 por "provocar distúrbios e criar problemas", crime frequentemente atribuído a dissidentes e críticos do regime chinês.
A jornalista foi presa em 14 de maio de 2020, um dia após a publicação de um vídeo em que acusava as autoridades de Wuhan de negligência ao tomar medidas para conter o coronavírus causador da Covid-19, cujos primeiros casos foram registrados no fim de 2019 nessa cidade da região central da China.
Entre fevereiro e maio de 2020, Marta Hurtado lembrou que a jornalista e anteriormente advogada de direitos humanos documentou a resposta inicial das autoridades aos primeiros surtos de Covid-19, filmando e publicando vídeos sobre a situação da população local.
Desde sua prisão, o Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos, liderado pela alta-comissária Michelle Bachelet, "manifestou sua preocupação, tanto pública como bilateralmente, às autoridades chinesas, buscando esclarecimentos sobre o processo penal movido contra ela", lembrou a porta-voz.
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Zhang Zhan vem realizando várias greves de fome durante o último ano e como resultado foi alimentada à força e "sua saúde se deteriorou seriamente", explicou Hurtado. A porta-voz reiterou o apelo do Escritório da ONU a todos os Estados para que qualquer medida relacionada à liberdade de expressão e de imprensa em resposta à pandemia só seja tomada se for estritamente necessária, de forma proporcional e não discriminatória.
Zhang havia trabalhado como advogada, embora sua licença tenha sido suspensa por seu ativismo, e ela já havia sido presa por apoiar protestos em Hong Kong.