Onze bispos e ex-bispos católicos são investigados na França por agressão sexual
Uma das vítimas teria 14 anos quando foi abusada por religioso; outro acusado foi sancionado pelo Vaticano em 2021
Internacional|Do R7
A Justiça francesa e a canônica investigam 11 bispos e ex-bispos católicos em casos de agressão sexual, anunciou o presidente da Conferência Episcopal, Éric de Moulins-Beaufort, durante uma coletiva de imprensa em Lourdes, no Sul da França, nesta segunda-feira (7).
Um dos casos envolve Jean-Pierre Ricard, ex-bispo de Bordeaux, que reconheceu um comportamento "repreensível" em relação a um menor de 14 anos, há 35 anos.
"Há 35 anos, quando era pároco, me comportei de forma reprovável com uma menina de 14 anos. Meu comportamento necessariamente causou consequências graves e duradouras a esta pessoa", escreveu o cardeal em mensagem lida por Moulins-Beaufort.
Outro bispo envolvido em escândalo sexual é Michel Santier, a quem as autoridades do Vaticano sancionaram em 2021 por "abusos espirituais resultando em 'voyeurismo' a dois homens adultos" na década de 1990. O silêncio sobre sua sanção causou grande revolta nas últimas semanas entre católicos e grupos de vítimas de abusos praticados por religiosos católicos.
Moulins-Beaufort especificou que a justiça civil e canônica acusam outros seis bispos e investiga mais dois ex-prelados, alto cargo eclesiástico.
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Completa a lista um membro da igreja que é objeto de denúncia perante o Ministério Público - que ainda não processou - e de medidas restritivas por parte da Santa Sé.
Sem entrar em detalhes, o presidente da Conferência Episcopal Francesa (CEF) apontou a "grande diversidade de situações em relação aos atos cometidos ou de que são acusados".
Os 120 membros da CEF se reúnem desde a quinta-feira em Lourdes para trabalhar em "propostas concretas" para melhorar a comunicação e a transparência sobre as medidas canônicas adotadas contra os religiosos acusados de agressão sexual.
Há um ano, a França conheceu o alcance devastador dos casos de pedofilia no seio da Igreja Católica. Uma comissão independente estimou que cerca de 216.000 menores foram vítimas de sacerdotes e religiosos na França entre 1950 e 2020.