Oposição bloqueia eleições antecipadas pedida por Johnson
Primeiro-ministro precisava de dois terços dos parlamentares para passar requerimento, mas obteve apenas 298 votos dos 434 necessários
Internacional|Da EFE
Os partidos da oposição bloquearam nesta quarta-feira (4) na Câmara dos Comuns a convocação de eleições antecipadas no Reino Unido, como foi pedido pelo primeiro-ministro Boris Johnson, pelo menos até que o projeto de lei que pode vetar a saída do país da União Europeia (UE) sem acordo de transição complete todos os trâmites parlamentares, algo que deve ocorrer nos próximos dias.
Johnson precisava do apoio de dois terços da câmara para levar adiante a proposta de convocar eleições para 15 de outubro, mas só obteve 298 votos dos 434 necessários.
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A legislação aprovada na noite de hoje pela Câmara dos Comuns para obrigar uma nova prorrogação do Brexit caso não haja acordo com o bloco europeu já começou a ser debatida na Câmara dos Lordes, que deve aprová-la antes que a rainha Elizabeth II a assine.
"Deixemos que esta lei seja aprovada e receba a assinatura real. Então, apoiaremos novas eleições, para que não nos prejudiquemos sem um acordo fora da UE", afirmou Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, o principal opositor de Johnson.
Sem acordo do Brexit, sem ajuda
O Partido Liberal Democrata e o Partido Nacionalista Escocês (SNP) foram além e disseram ser contrários à convocação de novas eleições até que a possibilidade de um Brexit sem acordo esteja completamente descartada.
Os autores da lei que impede uma saída abrupta do bloco europeu querem que a tramitação do projeto ocorra em menor tempo possível, já que Johnson determinou a suspensão do parlamento de 11 de setembro até 14 de outubro.
A oposição agora teme que parlamentares do Partido Conservador, liderado por Johnson, utilizem manobras regimentais na Câmara dos Lordes para atrasar o avanço da legislação. Cerca de 100 emendas já foram apresentadas ao texto, o que deve prolongar por dias o debate do projeto na casa.
Bloqueio do parlamento
Johnson apresentou à rainha Elizabeth II o pedido para suspender o parlamento para evitar que a oposição bloqueasse a opção de deixar a UE sem qualquer tipo de pacto. Para o primeiro-ministro, sem essa alternativa, o Reino Unido perde margem de manobra para negociar a saída do bloco, o que está marcado para ocorrer no dia 31 de outubro.
O primeiro-ministro quer recuperar nas urnas uma maioria no parlamento que o permita negociar livremente com a UE, mantendo a hipótese de deixar o bloco caso não haja pacto com Bruxelas até a data estabelecida pelas partes.