Oposição britânica prepara voto de desconfiança contra Theresa May
May disse que levará seu acordo do Brexit de volta ao Parlamento para uma votação em meados de janeiro, prometendo obter garantias da UE
Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7, com Reuters
O líder do Partido Trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, anunciou nesta segunda-feira (17) que vai apresentar uma moção de censura contra a primeira-ministra Theresa May, com o argumento de que o Parlamento deixou de ter confiança na atual mandatária britânica, em função das dificuldades em negociar um acordo para o Brexit e da falta de definição de uma data para definir a negociação.
A moção de censura será direcionada apenas contra a chefe do governo e não contra o governo, seguindo regras do Fixed Term Parliament Act.
Brexit: premiê britânica insiste em seu acordo e rejeita outras opções
Como reação, May disse que levará seu acordo do Brexit de volta ao Parlamento para uma votação em meados de janeiro, prometendo obter garantias da União Europeia para romper o impasse sobre a separação do Reino Unido do bloco. Ela ressaltou que o Parlamento debaterá o acordo em janeiro de 2019 e que uma votação ocorrerá na semana do dia 14 daquele mês.
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Na busca de impor o pacto de desfiliação da UE, May está rejeitando apelos por um segundo referendo ou um teste sobre o apoio a opções diferentes para o Brexit no Parlamento, apesar de um endurecimento da oposição ao acordo no intuito de manter laços próximos com o bloco.
May passou por uma semana tumultuada, na qual sobreviveu a um voto de desconfiança e buscou mudanças de última hora a um acordo de saída combinado com Bruxelas no mês passado. Fortalecida, ela voltou a dizer que a escolha está entre a aceitação de seu acordo, sair sem acordo ou simplesmente não sair.
"Sei que este não é o acordo perfeito para todos. É uma concessão. Mas se deixarmos o perfeito ser o inimigo do bom corremos o risco de sair da UE sem acordo", disse ela aos parlamentares, com seu discurso sendo pontuado por gritos altos de protesto.
"Evitar não ter um acordo só é possível se conseguirmos nos entender ou se abandonarmos inteiramente o Brexit."
Para sobreviver no cargo e manter o acordo vivo, ela recorreu novamente a líderes da UE, tendo feito visitas no fim da última semana. Diante disso, May afirmou que a UE ofereceu "esclarecimentos adicionais" sobre os aspectos mais controversos do pacto de separação e que seu governo está explorando "garantias políticas e legais adicionais".
O bloco, porém, está cedendo pouco para conquistar os parlamentares. Isso tem feito um número crescente de políticos pedir um segundo referendo --algo que alguns dos ministros de May dizem poder ser evitado se o governo testar cenários para o Brexit em votações parlamentares.
O Parlamento está polarizado, com grupos pressionando por opções diferentes, e até opostas, para as relações futuras. Há os que querem a saída sem um pacto e os que defendem a permanência na UE.
Uma nova consulta popular foi descartada diversas vezes por May e seus ministros. Para eles, este referendo aprofundaria as divisões e trairia a maioria de 52 por cento de eleitores que apoiou a desfiliação em 2016.
O impasse aumenta o risco de o Reino Unido deixar a União Europeia sem um acordo em 29 de março, um cenário que alguns empresários temem poder ser catastrófico para a quinta maior economia do mundo.
A incerteza política e econômica do Brexit está impactando a economia britânica, com dados mostrando nesta segunda-feira uma queda nos gastos do consumidor, nos preços de moradias e um pessimismo crescente nas finanças domésticas.
Veja o vídeo: Primeira-ministra do Reino Unido enfrenta pressão em acordo do Brexit