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Para argentinos no Brasil, eleição foi decidida por erros na economia

Atual presidente Mauricio Macri foi derrotado em 1º turno. Empréstimo do FMI e aumento na desigualdade social são alvo de críticas

Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7

Eleições na Argentina levaram à derrota de Mauricio Macri
Eleições na Argentina levaram à derrota de Mauricio Macri REUTERS/Marcos Brindicci/28.10.2019

Para boa parte dos argentinos que hoje moram no Brasil, decepção é o sentimento predominante quando o assunto são as políticas econômicas adotadas pelo presidente Mauricio Macri — derrotado pelo peronista Alberto Fernández no primeiro turno das eleições gerais realizadas neste domingo (27).

“As pessoas na Argentina não têm mais dinheiro para comer. Grande parte do dinheiro ficou apenas com os mais poderosos do país, e a desigualdade social, a margem entre ricos e pobres, cresceu. Você olha os números da economia e vê que seria irracional esse presidente continuar por mais quatro anos no poder”, comenta Diego Campos, de 33 anos, que é da cidade argentina de Cañuelas, mas vive no Rio de Janeiro desde 2017.

Emanuel Chiappe discorda de empréstimo do FMI
Emanuel Chiappe discorda de empréstimo do FMI Arquivo pessoal

Emanuel Chiappe, portenho de 32 anos que também mora na capital fluminense desde 2013, concorda que Macri errou na economia — ainda que considere a derrota do atual presidente nas urnas “um fracasso para a democracia, para o povo argentino e para a América Latina”.

“Eu acredito que as medidas que o Macri teve de tomar foram um produto de governos passados. O peronismo deixou um grande déficit fiscal para a Argentina. O Estado estava quebrado”, pontua.


Acordo com o FMI

Quando Mauricio Macri assumiu a presidência da Argentina, no final de 2015, a economia registrava um crescimento de 2,7%. Atualmente, está em recessão oficial desde setembro de 2018, depois de acumular dois trimestres consecutivos de PIB (Produto Interno Bruto) negativo. O FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê que a economia do país deve encolher até 3,1% neste ano.


Entre as medidas econômicas mais controversas do atual presidente, aliás, está o acerto de um empréstimo de mais de US$ 50 bilhões (cerca de R$ 199 bilhões) com o FMI.

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“O grande problema da Argentina é o déficit fiscal que tem o Estado. Em vez de atacar a questão por dentro, ele ainda foi pedir dinheiro para fora e nós ficamos em débito com outros países. Fora que Macri preferiu se aproximar dos acordos com os Estados Unidos — o que também tira um pouco da nossa soberania nas decisões econômicas”, diz Chiappe, que, no Brasil, trabalha no setor de turismo.


Os governos Kirchner

Diego Campos destaca acertos dos governos Kirchner
Diego Campos destaca acertos dos governos Kirchner Arquivo pessoal

Na opinião de Diego Campos, os governos de Néstor e Cristina Kirchner — que estiveram à frente do país vizinho entre os anos de 2003 e 2015 — foram responsáveis pela “melhor versão da realidade” argentina.

“Como em toda realidade, houve muitos defeitos, muitos erros. Mas os governos Kirchner repatriaram as grandes mentes científicas do país. Construíram muitas universidades, promoveram a tecnologia nas escolas, melhoraram a qualidade de vida para os trabalhadores mais pobres”, aponta.

Desafios próximos

Nesta segunda-feira (28), Macri e Alberto Fernández — que leva Cristina Kirchner como vice — já se reuniram no palácio presidencial em Buenos Aires para discutir a transição do poder. Em seu discurso de vitória, Fernández convocou os argentinos a enfrentar os tempos vindouros que, segundo ele, “não serão fáceis”.

“Há agora muitas combinações diferentes no Congresso. Vemos polos de poder de centro-esquerda e centro-direita e não sei como Fernández deve se articular para concretizar suas políticas. Eu, sinceramente, espero que a gente aprenda, porque se sofreu muito nesses últimos quatro anos”, conclui Diego Campos.

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