Para jovens argentinos, lembrança dos anos Kirchner é positiva
Grupo tem menos simpatia por Macri. Para muitos, a imagem do atual presidente é sobrecarregada com o ressentimento do alto desemprego
Internacional|Do R7
Para Luis Joaquin Caro, que tinha dois anos de idade quando a Argentina deu o calote na sua dívida em 2001, votar no candidato de esquerda e peronista Alberto Fernández nas recentes eleições primárias do país não foi uma escolha complicada.
"Durante os anos Kirchner, eu vivia muito bem”, disse ele, referindo-se ao que agora parece uma era passada da sua vida após quatro anos de cortes de gastos e austeridade do presidente Mauricio Macri.
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“Hoje é diferente”, afirmou Caro, que é de uma área operária da Província de Buenos Aires. O jovem de 21 anos disse que ele sempre viu a ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner e o seu marido já morto, o ex-presidente Néstor Kirchner, como heróis dos trabalhadores.
Cristina Kirchner, figura que divide a Argentina, é companheira de chapa de Fernández, cuja vitória por larga margem nas primárias de 11 de agosto surpreendeu institutos de pesquisa e chocou investidores, que temem que a Argentina possa de novo não pagar a dívida se a esquerda voltar ao poder.
Os sentimentos de Caro são emblemáticos da onda de apoio para Fernández entre os jovens, que não foi de todo inesperada, mas que chocou pela sua dimensão.
Parte do problema para os institutos de pesquisa na Argentina é que os jovens, grupo muito afetado pelo alto desemprego, são menos propensos a ter um telefone convencional em que posssam ser contactados, um fator também citado por institutos no Reino Unido e nos Estados Unidos.
Para Caro e para muitos jovens na Argentina, a conversa sobre o sofrimento da crise de 2001 foi ofuscada pelos benefícios sociais generosos sob os Kirchner que ajudaram as famílias a sair da pobreza depois do calote da dívida.
"Os anos Kirchner da minha infância eu vivi muito bem, e talvez naquele momento não me desse conta disso”, declarou Lucila Servelli, de 16 anos, que votou pela primeira vez no domingo, apesar de o voto não ser compulsório dos 16 aos 18 anos.
“Mas comparando com agora muitas coisas mudaram. Agora, minha família teve que deixar muitas coisas”, afirmou ela, nascida quando a Argentina deu o calote em 2001.
Os jovens têm bem menos em comum com Macri, disse o analista político Julio Burdman. Segundo ele, a imagem do presidente é sobrecarregada com o ressentimento do alto desemprego.