Partido do Brexit promete batalha contra conservadores e trabalhistas
Partido que defende saída do Reino Unido da União Europeia elegeu 29 membros para o Parlamento Europeu e prometeu agilizar o Brexit
Internacional|Da EFE
Respaldado por um contundente triunfo nas eleições europeias, o líder do Partido do Brexit, Nigel Farage, prometeu nesta segunda-feira (27) travar uma batalha contra as legendas mais tradicionais do Reino Unido, os conservadores e os trabalhistas, faltando cinco meses para o prazo de saída da União Europeia (UE).
A bancada liderada por Farage foi a grande vencedora das eleições europeias no Reino Unido, onde obteve 31,6% dos votos, o equivalente a 29 cadeiras na Eurocâmara.
O sucesso indiscutível está sendo interpretado pelos analistas como uma mostra da divisão do país sobre a saída da UE. Apesar da vitória de Farage, a bancada pró-Europa conquistou mais votos que os eurocéticos nos pleitos de ontem no Reino Unido.
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Em entrevista à "BBC", Farage comemorou o fato de ter vencido as eleições com uma mensagem simples. "Ficamos decepcionados com os dois partidos que quebraram suas promessas", ressaltou, sem citar diretamente os "tories" e os trabalhistas.
Feliz com o resultado, Farage se comprometeu a enfrentar os dois partidos mais tradicionais do país para conseguir o rompimento completo do Reino Unido com a UE, algo previsto para ocorrer até o final de outubro.
Mais tarde, em entrevista coletiva concedida em Londres, Farage criticou o Partido Conservador, da futura ex-primeira-ministra Theresa May, e considerou como improvável que os "tories" tenham capacidade de eleger um líder capaz de concluir o Brexit.
O resultado das urnas refletiu a insatisfação dos britânicos com o Partido Conservador. A legenda ficou apenas com a quinta colocação nos pleitos, com menos de 10% dos votos, e só quatro eurodeputados.
Outro grande vencedor das eleições foi o Partido Liberal-Democrata, segundo colocado nas eleições, com 20,3% dos votos. A legenda liderada por Vince Cable passou de um para 16 eurodeputados e foi a mais votada em Londres.
Os "libdem" atribuíram o resultado à mensagem "clara, honesta e não ambígua" em relação ao Brexit.
Já o Partido Trabalhista, do opositor Jeremy Corbyn, ficou em terceiro lugar, com 14,1% dos votos e dez eurodeputados, dez a menos que os que possuía na última composição da Eurocâmara.
Corbyn atribuiu a vitória folgada de Farage à desintegração do Partido Conservador.
Na Escócia, o Partido Nacionalista Escocês (SNP) obteve um resultado histórico ao conquistar 37% dos votos da região, uma vitória que a ministra principal, Nicola Sturgeon, atribuiu à "enfática" mensagem da legenda contra o Brexit.
Segundo analistas, o mapa eleitoral mostra que os eleitores optaram por políticos que apresentaram uma postura clara sobre a saída da UE, sejam eles favoráveis ou contrários ao processo.
O Reino Unido foi forçado a participar das eleições europeias por não ter conseguido aprovar um acordo para o Brexit na Câmara dos Comuns. Sem alternativa, o país pediu uma nova prorrogação do prazo para deixar a UE e discutir um pacto internamente.
As 73 cadeiras britânicas na Eurocâmara serão ocupadas até que o Brexit seja concretizado.