Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Peru: Castillo tomará posse em meio à polarização e crise sanitária

Presidente eleito não tem maioria do Congresso e deve encarar dificuldades para lidar com a pandemia e com a economia peruana

Internacional|

Castillo foi eleito com apenas 44 mil votos de vantagem sobre candidata adversária
Castillo foi eleito com apenas 44 mil votos de vantagem sobre candidata adversária Castillo foi eleito com apenas 44 mil votos de vantagem sobre candidata adversária

Em meio a incertezas sobre sua futura gestão, temores alimentados por uma campanha adversária que o tachou de "comunista", Pedro Castillo, que tomará posse como presidente do Peru na quarta-feira (28), enfrenta o desafio de dissipar as preocupações em um país polarizado e atingido pela crise da pandemia da covid-19.

Após um longo e exaustivo segundo turno das eleições de 6 de junho contra Keiko Fujimori, Castillo assumirá a missão de passar do discurso de campanha para a administração de um país complexo e com uma oposição política que o desafiará desde o início do mandato.

Castillo venceu as eleições com apenas 44 mil votos de vantagem sobre Keiko, que denunciou uma suposta "fraude", mas não apresentou provas concretas, e só terá a minoria em um Congresso dividido e em grande parte constituído por grupos de direita.

"O grande desafio político será um Congresso onde ele não terá maioria e que, claramente, não está apenas em oposição. Muitos acreditam que ele é um presidente ilegítimo", disse a analista Gelin Espinoza à Agência Efe.

Publicidade

Neste cenário, o cientista político Sandro Venturo disse que o presidente terá de "tomar decisões cruciais sobre o perfil político do seu governo", que se baseia em uma proposta de esquerda que oscila entre o centro conservador e o marxismo ortodoxo da ideologia do seu partido, o Peru Livre.

"Estamos em um cenário de grande fragmentação política. A direita está dividida, a esquerda está dividida, apesar do entusiasmo. Em geral, existe uma grande lacuna entre o Estado e a sociedade", disse Venturo.

Publicidade

Os desafios do poder

Após a polarização que o Peru enfrentou nos últimos meses, com uma campanha que acusou Castillo de ser "comunista" e "chavista", principalmente por ter proposto a convocação de uma Assembleia Constituinte e a mudança do sistema econômico, alguns analistas acreditam que o Congresso pode muito bem tentar retirá-lo do cargo, como aconteceu em 2020, com Martín Vizcarra.

Outro obstáculo é a forte oposição que as elites demonstraram à sua eleição e as exigências dos políticos e empresários para que Castillo estabeleça pactos que assegurem a continuidade do sistema econômico.

Publicidade

"O poder econômico também buscará colocar uma série de obstáculos no caminho de Castillo para que ele ceda, e este é outro grande desafio que ele enfrenta", pontuou Espinoza.

Além disso, Venturo ressaltou que o governante enfrentará o desafio individual de firmar a sua liderança política, algo que disse não ter mostrado durante a campanha eleitoral, quando "não conseguiu reunir uma boa equipe técnica para apresentar propostas claras da sua própria posição política de maneira oportuna".

"Se ele não pôde fazer uma boa campanha, a questão legítima é: poderá ele liderar um bom governo?", questionou, antes de afirmar que Castillo ganhou as eleições "apesar de ele mesmo e graças às fraquezas de Keiko", que tem grande rejeição.

Pandemia e economia

Além de esclarecer dúvidas sobre a sua ação política, lidar com uma oposição agressiva e definir os principais eixos da sua administração, Castillo ainda não deixou claro como lidará com a crise sanitária e econômica causada pela pandemia de covid-19.

Com mais de 2 milhões de casos e quase 200 mil mortes no Peru, a pandemia expôs um sistema de saúde deficiente e mal organizado e também atingiu uma economia que se manteve estável até 2019, mas em apenas um ano caiu quase 11%, aumentando a pobreza e a desigualdade.

"Pedro Castillo agora está sendo confrontado com a forma de retomar a economia do país, buscando também o que prometeu tanto na sua campanha: uma economia popular. Penso que é um desafio importante encontrar esse equilíbrio", acrescentou Espinoza.

A atual gestão transitória, presidida por Francisco Sagasti durante oito meses, também o deixa com o grande desafio de terminar o processo de vacinação contra a covid-19, que ainda pode desencadear uma terceira onda no país, de acordo com muitos especialistas.

O futuro imediato

O que acontecerá no Peru a partir de 28 de julho ainda é "uma incógnita" para Venturo, para quem tudo dependerá, em grande parte, dos "gestos" que Castillo fará para permitir que esta incerteza "seja substituída pela governabilidade".

O cientista político também destacou que existe "um simbolismo muito forte" no fato de Castillo, um professor de escola rural e do campo, "receber o mandato popular" no mesmo dia em que o país celebrará 200 anos de independência.

Espinoza concordou com o forte simbolismo desta posse e recordou que Castillo prometeu "colocar um fim aos privilégios de alguns e propõe um país de mais oportunidades", no qual todos os peruanos tenham "os mesmos direitos".

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.