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Polícia de NY prende 10 vezes mais negros por violar distanciamento

Números e imagens mostram abordagens bem diferentes por parte dos policiais na hora de coibir quem não respeita o distanciamento social

Internacional|Fábio Fleury, do R7

Polícia de Nova York tem sido criticada por atuação contra comunidades negras
Polícia de Nova York tem sido criticada por atuação contra comunidades negras

A polícia de Nova York tem reprimido moradores negros e latinos por não respeitarem o distanciamento social obrigatório por conta do novo coronavírus com muito mais força do que tem feito com os brancos. A denúncia foi feita por um parlamentar do Congresso norte-americano, o democrata Hakeem Jeffries.

Ele representa o 8º distrito de Nova York, que inclui os bairros do Brooklyn e do Queens, onde os afroamericanos e latinos somam cerca de 70% da população. Segundo Jeffries, entre os dias 17 de março e 4 de abril, foram detidas 40 pessoas na região por desrespeito ao distanciamento: 35 eram negros, 4 eram hispânicos e apenas um era branco.

Leia também: Coronavírus: por que a população negra é desproporcionalmente afetada nos EUA?

Dados de prisões no restante da cidade confirmam o viés de abordagem racial por parte dos policiais. Das 120 prisões por descumprimento do distanciamento registradas em Nova York entre 16 de março e 5 de maio, em 68% dos casos os detidos eram negros, 24% eram latinos e menos de 7% eram brancos.


Cobranças ao prefeito

Em entrevista ao jornal The New York Times, Hakeem Jeffries disse que "não podemos deixar começar uma nova era de policiamento agressivo nas comunidades afroamericanas em nome do distanciamento social".

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Questionado, o prefeito da cidade, Bill de Blasio, se apressou em dizer que as prisões não representam uma volta da antiga prática de "stop and frisk" (um programa de averiguação policial aleatória), que fez as detenções de afroamericanos dispararem no governo de Michael Bloomberg. "Precisamos ser melhores e vamos ser", disse de Blasio.


Nos últimos dias, um post no Twitter viralizou no país, com uma foto que mostra um policial imobilizando, com um joelho no pescoço, um rapaz negro que está rendido e deitado no chão. Ao lado, outra imagem, de um parque a poucos quilômetros dali e também no Brooklyn, mostra diversas pessoas descumprindo o isolamento e um policial apenas entregando máscaras para elas.

"A mesma cidade. A mesma força policial. Entregando máscaras para brancos que não fazem distanciamento social, ao mesmo tempo em que literalmente pisam nos nossos pescoços. Já passou do ridículo", diz o texto do ativista Zellie Imani.


Vídeo mostra abordagem violenta

No caso da primeira imagem, outros vídeos postados no Twitter mostram o início da confusão. Policiais já tinham abordado de maneira violenta outra pessoa, que estava sendo presa. O rapaz se aproxima e o policial, também sem máscara, bate nele e o joga no chão.

O patrulhamento contra quem descumpre o distanciamento foi intensificado nas últimas semanas depois que uma multidão de mais de 2 mil pessoas foi dispersada em Williamsburg, outra parte do Brooklyn.

Eram judeus ortodoxos que compareceram ao velório de um rabino que morreu em decorrência da covid-19. Apesar do grande número de pessoas e policiais, não houve relatos de violência na ocasião e de Blasio foi criticado pela comunidade judaica após pregar "tolerância zero" contra quem desrespeita as regras.

É importante ressaltar que é entre as comunidades negras e hispãnicas que o coronavírus tem causado mais mortes durante esta pandemia.

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