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Policial de Mianmar descreve 'emboscada' para prender repórter

Jornalistas investigavam assassinato de 10 rohingyas durante uma repressão do Exército que provocaou o êxodo de 700 mil pessoas para Bangladesh

Internacional|Do R7

Polícia armou 'emboscada' para prender jornalista
Polícia armou 'emboscada' para prender jornalista

Um chefe de polícia de Mianmar ordenou que agentes "emboscassem" um repórter da Reuters que acabou preso em dezembro, orientando-os a encontrar o jornalista em um restaurante e entregar-lhe "documentos secretos", disse o capitão de polícia Moe Yan Naing, testemunha da acusação, em um tribunal nesta sexta-feira (20).

Moe Yan Naing deu detalhes sobre as horas que antecederam a prisão no dia 12 de dezembro de Wa Lone, de 32 anos, e de seu colega da Reuters Kyaw Soe Oo, de 28, que o havia acompanhado à reunião, e disse que a polícia havia organizado uma "emboscada".

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O tribunal em Yangon tem realizado audiências desde janeiro para determinar se os dois serão julgados sob a lei de Segredos Oficiais, que data da era colonial do país e cuja pena máxima é de 14 anos de prisão.

Os repórteres estavam trabalhando em uma investigação da Reuters sobre o assassinato de 10 muçulmanos rohingyas no Estado de Rakhine, em Mianmar, durante uma repressão do Exército que agências da ONU dizem ter provocado o êxodo de 700 mil pessoas para Bangladesh.


Sete soldados foram condenados a "10 anos de prisão com trabalho forçado em uma área remota" por participar do massacre, disse o Exército neste mês.

A Reuters não conseguiu de imediato um comentário do principal promotor do caso, Kyaw Min Aung, uma vez que os procedimentos ainda estão em andamento. O porta-voz da polícia de Mianmar, coronel Myo Thu Soe, e o porta-voz do governo, Zaw Htay, não puderam ser encontrados para comentar.


"PRENDA WA LONE"

Em seu depoimento, o capitão de polícia disse que havia sido entrevistado em novembro por Wa Lone sobre operações policiais no Estado de Rakhine. Ele era um dos dois agentes do 8º Batalhão de Polícia de Segurança Paramilitar que a polícia identificou em dezembro como "supostamente envolvidos no caso".


Moe Yan Naing disse que está preso desde a noite de 12 de dezembro e que foi orientado a depor nesta sexta-feira como testemunha da acusação.

Ele disse que no dia em que os jornalistas da Reuters foram presos, ele foi levado de seu posto em Yangon para a sede do 8º Batalhão no norte da cidade.

Quando chegou, ele disse ter encontrado um grupo de vários outros policiais do 8º Batalhão que haviam dado entrevistas para Wa Lone. Eles foram interrogados por um "time de informação" da polícia sobre suas interações com o repórter da Reuters, disse.

Moe Yan Naing disse ao tribunal que o general de polícia Tin Ko Ko, que liderou a investigação interna, ordenou que o policial Naing Lin marcasse o encontro com Wa Lone naquela noite e que o entregasse "documentos secretos do 8º Batalhão".

"O general da polícia Tin Ko Ko deu os documentos ao policial Naing Lin, disse para ele entregá-los a Wa Lone e quando Wa Lone saísse do restaurante, a força de polícia local Htaunt Kyant deveria enganá-lo e prendê-lo", disse Moe Yan Naing.

Yan Naing afirmou que Tin Ko Ko disse aos membros da polícia que se não prendessem Wa Lone, eles iriam para a cadeia.

A Reuters não foi capaz de encontrar Tin Ko Ko para comentar.

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