Poluição causou 9 milhões de mortes no mundo em 2015
Publicação aponta que 92% dos casos estão concentrados em países pobres
Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7
Pelo menos nove milhões de mortes ocorridas em 2015 podem ser atribuídas aos males causados pela poluição, de acordo com estudo publicado pela The Lancet — uma das mais importantes revistas científicas sobre medicina do mundo. O número representa 16% dos óbitos no ano e é três vezes maior que as mortes causadas por Aids, tuberculose e malária combinadas.
A maioria dos óbitos (92%), de acordo com o estudo, ocorreu em países de baixa renda, como Bangladesh e Somália. Nesses casos, as mortes estão ligadas a doenças não infecciosas como ataque cardíaco, AVC (acidente vascular cerebral) e câncer de pulmão. Segundo Nick Watts, médico especialista em Políticas Públicas de Saúde, membro da comissão da The Lancet e consultor da OMS (Organização Mundial da Saúde) para a Convenção da Organização das Nações Unidas sobre mudança do clima, os fatores que contribuem para essa realidade são diversos.
— Se as pessoas tivessem meios para viver em um local limpo, e ter acesso a um parque ou mesmo à praia, ou não morar perto de uma avenida movimentada e cheia de carros, elas fariam isso. Mas acontece que só a população mais abastada tem condições para morar nesses locais. O que preocupa em relação à poluição são as pessoas que têm menos condições de evitar os danos causados por ela, que não têm opção senão viver nas áreas mais poluídas de cidades como São Paulo. Isso traz um ciclo vicioso, porque elas já sofrem no dia a dia com doenças pulmonares, com dificuldade para respirar, e elas acabam gastando mais com saúde e com remédios.
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A The Lancet aponta também que as mortes causadas pela poluição são divididas em categorias: poluição do ar, responsável por 6,5 milhões de óbitos; e poluição da água, causadora de 1,8 milhões de mortes.
O levantamento ainda mostra que os países onde menos pessoas morreram por conta da poluição foram Brunei e Suécia. Outro dado interessante é que 800 mil mortes ocorridas no mundo em 2015 estão ligadas à poluição no local de trabalho. Para Watts, é imprescindível que haja uma maior conscientização da população e da classe médica a respeito do tema.
— Por muito tempo, questões relacionadas à poluição e às mudanças climáticas foram consideradas essencialmente ambientais. E mesmo que eu e você entendamos, de alguma forma, que isso afeta nossa saúde, quando um ambientalista fala, geralmente nós abstraímos, colocamos em uma caixa, jogamos fora, porque não parece algo que mereça preocupação. Existe uma importância fundamental em mudar esse entendimento e encarar a questão como um desafio de saúde pública. No mundo, pelo menos 6,5 milhões de pessoas morrem anualmente por doenças respiratórias e outras enfermidades decorrentes da poluição. Ter médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde falando sobre o tema e respondendo aos danos causados pela poluição é fundamental para que as pessoas se envolvam mais.