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Por que a Turquia e a Hungria hesitaram em aceitar a entrada da Suécia e da Finlândia na Otan?

Ingresso dos países escandinavos na aliança militar é pauta principal da reunião de cúpula que acontece na Lituânia

Internacional|Sofia Pilagallo, do R7

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, discursa em reunião de cúpula da aliança militar, na terça-feira (11)
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, discursa em reunião de cúpula da aliança militar, na terça-feira (11) O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, discursa em reunião de cúpula da aliança militar, na terça-feira (11)

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) realiza, nesta quarta-feira (12), o segundo dia da reunião de cúpula da aliança militar, que acontece em Vilnius, capital da Lituânia. O objetivo do encontro é passar uma mensagem unificada de apoio à Ucrânia em meio à invasão da Rússia. Na ocasião, os líderes discutem, sobretudo, a entrada da Suécia e da Ucrânia no bloco.

Em relação à Ucrânia, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou, na terça-feira (11), que a aliança vai convidar o país para se juntar ao bloco, mas não neste momento, enquanto a guerra segue acontecendo.

Já no que diz respeito à Suécia, quase todos os países-membros da Otan, estavam dispostos a permitir a entrada do país na aliança militar. As únicas exceções eram Turquia e Hungria, que acabaram cedendo nos últimos dias.

Na sexta-feira (7), o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, deu o aval para que a Suécia se tornasse membro da aliança militar. Na segunda-feira (10), foi a vez do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, de suspender o veto à adesaão do país escandinavo.

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Tanto a Turquia quanto a Hungria também se opunham à entrada da Finlândia na Otan, mas acabaram concordando, e o país se juntou oficialmente ao bloco em abril de 2023.

Segundo a professora de Relações Internacionais Ana Carolina Marson, da Universidade São Judas Tadeu, apesar de a Turquia fazer parte da aliança militar, o país tem também certa proximidade com o governo de Vladimir Putin, além de ser mais alinhado culturalmente e ideologicamente à Rússia e ao oriente. A Rússia é um país geograficamente estratégico, localizado entre Ocidente e Oriente.

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O internacionalista Rodrigo Reis, fundador do Instituto Global Attitude, explica que a adesão de novos membros à aliança militar tem um objetivo de demonstrar força diante da Rússia. "A questão da expansão da Otan é delicada, porque está focada na fronteira com o território russo e é uma percepção muito clara de ser uma afronta a Moscou", afirma.

O último movimento da Turquia sobre esse assunto vinculou a adesão da Suécia à sua entrada na União Europeia, uma questão que se arrasta há anos.

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"O Erdogan foi muito inteligente do ponto de vista estratégico e geopolítico ao associar a entrada da Suécia na Otan à abertura da União Europeia à Turquia, pleito que já dura décadas. Ele entendeu que a Europa precisa e quer a expansão de membros escandinavos na Otan", diz Reis.

A professora Ana Carolina explica o motivo da Turquia enfrentar tantos anos de negociações para tentar fazer parte do bloco europeu.

"A Turquia deseja entrar na União Europeia e ter proximidade com seu lado ocidental, mas acaba sendo ignorada, muitas vezes, por ter mais características orientais, no sentido cultural. Por esse motivo, tem muitas de suas demandas menosprezadas", afirma Ana Carolina.

Ela explica que, pelo fato de a Turquia não ser um Estado tão forte, e estar localizado no meio do caminho entre Ocidente e Oriente, o país se vale da sua relação com a Otan para conseguir fazer cumprir suas reivindicações.

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A Turquia também exigiu, entre outras questões, que a Suécia e a Finlândia atuem no sentido de proibir a arrecadação de fundos e recrutamento do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), grupo separatista inimigo do Estado turco.

A Hungria, por sua vez, apresentou inúmeras justificativas desde que a Suécia e a Finlândia pediram para entrar na Otan. Inicialmente, o país jogou culpa no Parlamento, alegando que a assembleia estava muito ocupada. Depois, jogou a culpa nas críticas que vinha recebendo dos dois países em relação ao desgaste do Estado Democrático de Direito e às atitudes autoritárias do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

Da mesma forma que Erdogan se vale da Otan para fazer cumprir seus pedidos, Ana Carolina explica que Orban também se aproveita dessa plataforma para fazer frente a essas críticas. Ela ressalta que a Hungria, assim como a Turquia, não é um país muito forte e não tem muitos recursos para se posicionar diante do sistema internacional.

"Em linhas gerais, ao admitir a Suécia e a Finlândia na Otan, a Turquia ganha por ter suas solicitações atendidas, enquanto a Hungria ganha ao poder se posicionar e mostrar que tem certa força", diz a professora.

O que motivou a Suécia e a Finlândia a buscarem uma vaga na Otan?

De acordo com Ana Carolina, a invasão da Rússia à Ucrânia é o motivo que levou a Suécia e a Finlândia a pedirem para entrar na Otan. Ambos são países geograficamente muito próximos da Rússia — a Finlândia, inclusive, faz fronteira com a Rússia — e não teriam como se defender do exército de Putin.

A Suécia e a Finlândia já tinham certo receio mesmo antes da invasão. Mas, a partir de fevereiro de 2022, os países ficaram muito acuados e decidiram agir para se aliar ao ocidente.

A entrada dos dois países também é interessante para a Otan, uma vez que a aliança é muito representativa da força do ocidente diante da Rússia, que agora fica ainda mais isolada do resto do mundo. Ambos os pedidos abalaram o governo russo e geraram tensão naquele entorno regional.

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