Por que terremotos no Tibete são o terror dos alpinistas do Everest
Embora o inverno não seja a estação mais popular para a escalada, autoridades locais fecharam um acampamento do Monte Everest após o tremor
Internacional|Do R7
Pelo menos 126 pessoas morreram após um terremoto de magnitude 7,1 na escala Richter atingir a região do Tibete nesta terça-feira (7). O tremor, que teve epicentro a 80 km do Monte Everest, ocorreu às 9h05 no horário local (22h05 em Brasília) na área rural de Dingri.
Nesta terça-feira, as autoridades locais fecharam um acampamento usado de base para a escalada do Monte Everest, bem como a área cênica ao redor. Embora o inverno não seja a estação mais popular para a escalada da montanha, alguns turistas chineses ainda visitam a região para ver as montanhas do Himalaia. Segundo fontes a rede americana CNN, cerca de 500 turistas visitaram o acampamento na segunda-feira, e 30 estavam no local quando o terremoto ocorreu. Todos eles foram retirados do local, acrescentou.
Os terremotos na região são resultado da interação entre as placas tectônicas indiana e eurasiática. No Everest, o impacto é amplificado pela altitude extrema e pela geografia instável, onde tremores podem provocar o colapso de glaciares e deslizamentos de rochas.
O que já aconteceu no Everest?
Em 2015, um terremoto de magnitude 7,8 no Nepal matou mais de 8 mil pessoas, incluindo 17 alpinistas em uma avalanche que destruiu parte do acampamento-base do Everest. Sobreviventes descreveram cenas de caos, com barracas e equipamentos sendo lançados pelos ventos gerados e pelo deslocamento de gelo.
O guia Khile Sherpa, 20, foi uma das vítimas do desastre de 2015. Ele relembrou o momento em que uma avalanche atingiu seu acampamento, deixando-o desacordado por quase uma hora. “Foi um som monstruoso”, disse ele à Reuters, enquanto recebia atendimento médico em Katmandu.
O alpinista americano Jon Kedrowski disse em seu blog que o terremoto rompeu um “enorme trecho recortado” de gelo de um cume que deslizou, criando um vento com força de furacão que assoprou pessoas e barracas a uma distância de cerca de 30 metros. Outro alpinista disse que uma grande parte do acampamento parecia como se tivesse sido atingida por uma “explosão nuclear”
O que diz quem vive da escalada?
Para os guias nepaleses, conhecidos como sherpas, os terremotos agravam um trabalho já considerado perigoso. Apesar disso, muitos continuam a arriscar suas vidas para sustentar suas famílias. “Havia pressão da minha família para não vir, mas eu vim mesmo assim”, afirmou Pemba Nurbu Sherpa, 34, que sobreviveu à tragédia em 2015.
Apesar dos riscos, muitos alpinistas continuam desafiando a montanha. Arjun Vajpai, 22, que já escalou o Everest aos 16 anos, afirmou que o perigo faz parte do esporte. “Você sabe que pode não voltar para casa. É uma linha tênue, mas faz parte do desafio”, disse Arjun.