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Por que Trump quer controlar a Groenlândia, Canadá e o Canal do Panamá?

O novo mapa mundial desejado pelo presidente eleito dos EUA ainda teria outro nome para o Golfo do México

Internacional|Do R7

O presidente dos EUA, Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca, em Washington (EUA). Isac Nóbrega/PR

Prestes a ser empossado em seu segundo mandato como presidente dos EUA, Donald Trump afirmou na terça-feira (7) que deseja retomar o controle do Canal do Panamá e anexar a Groenlândia. O republicano também sugeriu a incorporação do Canadá aos Estados Unidos e afirmou que pretende renomear o Golfo do México.

As declarações foram feitas em um resort em Mar-a-Lago, na Flórida, na terça-feira (7). Durante a coletiva, Trump afirmou que pretende usar a força econômica para atingir seus objetivos, como a aplicação de sanções ou o aumento de tarifas.

O que tem na Groenlândia que interessa Trump?

Por estar geograficamente localizada no continente norte-americano, a Groenlândia é considerada um território estratégico para os interesses bélicos dos EUA. A ilha poderia abrigar sistemas de interceptação balística e detecção de submarinos russos. O exército norte-americano já possui uma base aérea na região, conhecida como Aeroporto de Thule ou Aeroporto de Pituffik.

Além de posições geográficas favoráveis, a ilha dinamarquesa é rica em petróleo e gás natural. Entretanto, a extração desses recursos enfrenta forte oposição dos povos indígenas da região e entraves burocráticos do governo.


Pelas vias democráticas, a população da Groenlândia poderia votar pela independência e aprovar, em referendo, uma associação aos Estados Unidos. Especialistas ouvidos pela agência de notícias Reuters, no entanto, acreditam que existe uma baixa probabilidade de isso acontecer.

Durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), o republicano afirmou que faria uma oferta para comprar a Groenlândia. Na época, as autoridades da ilha disseram que o território não estava à venda.


Na entrevista realizada na terça-feira, Trump afirmou que pretende usar a força econômica dos EUA para atingir os objetivos da nação, como a aplicação de sanções ou o aumento de tarifas.

Há sinais de possível invasão dos EUA?

O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, alertou Donald Trump sobre as ameaças às “fronteiras soberanas” da União Europeia, ressaltando que a Groenlândia é um território autônomo pertencente à Dinamarca, integrante do bloco europeu.


“Não há dúvida de que a UE não deixará outras nações do mundo, sejam elas quais forem, atacarem suas fronteiras soberanas”, disse Jean-Noël Barrot, à rádio France Inter nesta quarta-feira (8).

“Se você está me perguntando se eu acho que os Estados Unidos vão invadir a Groenlândia, minha resposta é não. Mas será que entramos em um período de tempo em que sobrevive o mais forte? Então minha resposta é sim”, disse Barrot.

O representante francês ainda disse que a UE não deve se intimidar ou ficar excessivamente preocupada, mas deve “acordar e se fortalecer”.

Na esteira das declarações do republicano, o filho do presidente eleito, Donald Trump Jr., fez uma visita privada à Groenlândia na terça (7). Trump Jr. chegou a bordo do avião particular do pai, o “Trump Force One”, por volta das 13h (horário local).

Nenhuma reunião havia sido agendada entre Trump Jr. e funcionários do governo da Groenlândia, segundo um representante local ouvido pela Reuters.

“Não, eu não vou comprar a Groenlândia”, afirmou Trump Jr. em um podcast na segunda-feira (6). “Ironicamente, estou indo à Groenlândia apenas para uma viagem pessoal de um dia”, disse o filho do republicano.

Canal do Panamá pertence aos EUA?

Os Estados Unidos controlaram o Canal do Panamá até 1999, quando a estrutura foi entregue ao governo panamenho após décadas de pressão pela nacionalização. Assim que foi eleito, Trump criticou o Panamá por cobrar taxas excessivas para o uso do canal e expressou preocupações sobre a influência chinesa na região, já que dois portos próximos ao canal são administrados por uma empresa de Hong Kong. O republicano declarou que, caso o Panamá não cumpra os acordos, exigirá a devolução do canal aos EUA.

“Se os princípios, tanto morais quanto legais, deste gesto magnânimo de doação não forem seguidos, então exigiremos que o Canal do Panamá seja devolvido a nós, integralmente, rapidamente e sem questionamentos”, afirmou o presidente eleito.

Em resposta, o governo do Panamá afirmou que as taxas são transparentes e utilizadas para manutenção do canal, garantindo que a infraestrutura não está sob controle de nenhum país estrangeiro. O presidente panamenho, José Raúl Mulino, reafirmou que o canal e suas áreas adjacentes pertencem ao Panamá e continuarão sendo do país.

“Cada metro quadrado do Canal do Panamá e sua área ao redor pertence ao Panamá e continuará a pertencer”, afirmou Mulino

O Canal do Panamá, inaugurado em agosto de 1914, foi considerado a maior obra de engenharia da época, permitindo a passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico e reduzindo significativamente o tempo de viagem para navios cargueiros. A construção contou com o apoio dos Estados Unidos, que, na época, não conseguiam um acordo satisfatório com as autoridades colombianas, já que o Panamá era uma província da Colômbia.

Em 1903, os EUA ajudaram a independência do Panamá e, em seguida, firmaram um acordo para a construção do canal, pagando US$ 10 milhões e US$ 250 mil anuais pelo controle da via.

Canadá deseja ser o 51º estado americano?

O Canadá é um importante exportador de petróleo, gás natural e minerais, além de ser um parceiro comercial estratégico dos Estados Unidos. Após o anúncio da renúncia do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, Trump sugeriu nas redes sociais que o Canadá se tornasse o 51º estado dos EUA, alegando que isso eliminaria tarifas e reduziria impostos, além de garantir mais segurança frente às ameaças externas, como a de navios russos e chineses.

“Muitas pessoas no Canadá amam ser o 51º estado. Os Estados Unidos não podem mais sofrer com os enormes déficits comerciais e subsídios que o Canadá precisa para se manter sem dívidas. Justin Trudeau sabia disso e renunciou”, afirmou Trump.

O republicano também disse que, ao se unir aos EUA, o Canadá não precisaria mais de subsídios para se manter sem dívidas e que a eliminação da fronteira entre os países seria benéfica para a segurança financeira.

“Eles são ótimos, mas estamos gastando centenas de bilhões por ano para protegê-los. Estamos gastando centenas de bilhões por ano para cuidar do Canadá”, disse o presidente eleito.

Em resposta, Trudeau rejeitou a ideia, afirmando que “jamais” o Canadá faria parte dos Estados Unidos e que seria mais fácil uma bola de neve não derreter no inferno. O primeiro-ministro destacou a importância da relação comercial e de segurança entre os dois países, reforçando os benefícios mútuos dessa parceria.]

Golfo do México ou da América?

O Golfo do México, com uma superfície de aproximadamente 1,55 milhão de km², é a maior baía do mundo e uma área rica em petróleo, além de ser uma importante rota comercial e pesqueira.

A região é compartilhada pelos Estados Unidos, México e Cuba, com cada país controlando suas águas territoriais e Zonas Econômicas Exclusivas.

Trump recentemente sugeriu mudar o nome da região para “Golfo da América”, afirmando que os EUA realizam a maior parte do trabalho na área e que o México precisa agir para conter a imigração ilegal. Não está claro como a mudança de nome seria implementada ou se representaria um movimento de controle da região.

“Vamos mudar porque fazemos a maior parte do trabalho lá e ele é nosso”, afirmou Trump. “É apropriado, e o México tem que parar de permitir que milhões de pessoas invadam nosso país.”

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