Resumindo a Notícia
- Comissão que investiga abusos na Igreja Católica de Portugal recolheu 365 testemunhos
- Dos 365 relatos, 338 puderam ser checado, sendo 18 destes enviados ao Ministério Público
- Em sua maioria, os abusadores são padres de 20 a 30 anos ou 50 a 60 anos
- Maioria das denúncias relatam toques, mas há declarações de sexo oral, sexo anal e estupros
Igreja Católica europeia passa por uma série de investigações de denúncias de abusos
Filip Singer/EFE/EPA - 16.6.2022A comissão que investiga os abusos contra menores de idade cometidos no seio da Igreja Católica em Portugal soma, em seis meses de trabalho, 338 testemunhos, mas apenas 17 foram enviados ao Ministério Público porque os crimes não estão prescritos ou têm a possibilidade de prosperar.
A comissão recebeu 365 testemunhos mas conseguiu validar 338, explicaram nesta quinta-feira (30) seus membros em entrevista coletiva em Lisboa para apresentar o balanço de meio ano de trabalho.
Pela sua experiência, explicou o coordenador da comissão, o psiquiatra Pedro Strecht, confirma-se que, na maioria dos casos, passaram-se décadas entre os fatos e a denúncia, o que complica a investigação.
No entanto, 17 dos abusos ainda podem ser criminalmente punidos e foram encaminhados ao Ministério Público, embora com “poucas expectativas”, admitiu.
Os dados da Comissão indicam que quase 57% das vítimas eram homens, e a grande maioria tem entre 36 e 65 anos, embora haja também menores de 18 (2%) e maiores de 76 anos de idade (6%).
A maior parte dos testemunhos denuncia o toque, embora 15,6% relatam sexo oral, 10,8% sexo anal e quase 6% estupro.
O perfil do abusador em Portugal assemelha-se ao modelo dos países vizinhos: mais homens do que mulheres, membros da Igreja Católica — na sua maioria padres — e com idades compreendidas entre 20 e 30 anos ou 50 a 60 anos.
A Igreja Católica será capaz de compensar esse dano? "Claramente você nunca pode compensar", admitiu Strecht, em entrevista recente à Agência Efe.
Strecht, que colabora na auditoria realizada pela Cremades & Calvo-Sotelo na Espanha, reconheceu que as investigações da comissão são apenas "a ponta do iceberg".
"Há muito mais situações sobre as quais nunca saberemos do que já conhecemos", concluiu.