Praça Itália volta a ser palco de protestos no Chile após 'recesso'
Pela manhã, grupo de manifestantes entrou em confronto com policiais que rondavam região e violência voltou a ser registrada durante a tarde
Internacional|Da EFE
Milhares de pessoas voltaram a lotar a emblemática Praça Itália, em Santiago, palco da onda de protestos iniciada no Chile há 18 dias, para uma nova manifestação contra o governo e desigualdades sociais após um fim de semana de "recesso".
O protesto foi convocado pelo grupo "Unidade Social", que inclui 70 organizações sindicais e sociais, com o tema "Superlunes" ("super segunda-feira" em tradução livre). No sábado e no domingo, o local não recebeu qualquer ato.
Durante a manhã, a praça teve um ambiente próximo do habitual, com tráfego de veículos aberto e transporte público funcionando. Apenas quebrou o clima um pequeno confronto entre manifestantes encapuzados e os policiais que faziam patrulhamento na região.
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À tarde e na hora marcada para a manifestação, milhares de pessoas chegaram à praça para participar do ato de forma pacífica e festiva, mas no mesmo tom de reivindicação.
Faixas como "Todo poder para as assembleias" - em alusão às propostas de democracia participativa que começam a ser debatidas no país como alternativa às decisões dos poderes do Estado - chamavam a atenção em meio à multidão.
Embora as forças especiais da polícia tivessem tentado dispersar os manifestantes de uma parte da praça com o lançamento de gás lacrimogêneo e o uso de jatos d'água, a maioria voltou a se concentrar no mesmo local, e alguns entraram em confronto com os agentes, jogando pedras e outros objetos.
Com o passar dos dias, os participantes dos protestos começam a tolerar os jatos d'água e encontra diferentes maneiras de evitar o gás lacrimogêneo, seja jogando as bombas de volta ao lugar onde os policiais estão ou abafando-as com cones de orientação de tráfego.
A grande maioria das pessoas presentes continuou dançando e cantando ao ritmo dos tambores trazidos por torcidas organizadas dos maiores times de futebol da capital chilena.
O Chile vive uma onda de insatisfação social sem precedentes desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990, com manifestações que foram inicialmente reprimidas pela polícia e as forças armadas e que até agora têm o saldo de 20 mortos, seis deles estrangeiros.