Premiê da Irlanda do Norte renuncia após impasse do Brexit
Paul Givan entregou o cargo depois da aprovação de acordo para que produtos da Grã-Bretanha passem por controle alfandegário
Internacional|Da Ansa
O primeiro-ministro da Irlanda da Norte, Paul Givan, anunciou nesta quinta-feira (3) sua renúncia, o que antecipa uma nova crise política na província britânica pelos acordos alfandegários após a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o chamado Brexit.
A decisão foi divulgada durante coletiva de imprensa em Belfast em protesto contra o protocolo para a Irlanda do Norte que introduz controles alfandegários sobre as mercadorias procedentes da Grã-Bretanha. "Hoje é o fim do que foi o privilégio da minha vida: servir como primeiro-ministro da Irlanda do Norte", disse Givan, do partido unionista DUP.
"Quando entrei na assembleia, há 12 anos, nunca esperei ter a oportunidade de liderar o governo e servir o povo da Irlanda do Norte como primeiro-ministro", prosseguiu o político, que assumiu o cargo em junho de 2021 depois que sua antecessora, Arlene Foster, também renunciou por causa do impasse no Brexit.
Segundo Givan, "manter este cargo é algo que vem com uma grande responsabilidade, e muitas vezes senti o peso desse fardo, fazer o que é certo para todas as pessoas".
Com a renúncia, a vice-primeira-ministra Michelle O'Neil deve perder o cargo também, devido ao governo compartilhado instaurado depois do Acordo da Sexta-feira Santa, de 1998, que pôs fim ao conflito entre os republicanos e os unionistas.
O secretário de Estado da Irlanda do Norte, Brandon Lewis, descreveu a decisão de Givan de renunciar como "extremamente decepcionante". "Peço-lhes que reinstalem o primeiro-ministro imediatamente para garantir a necessária prestação de serviços públicos aos cidadãos da Irlanda do Norte", disse em comunicado.
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O anúncio ocorre menos de 24 horas depois de o ministro da Agricultura do DUP, Edwin Poots, ordenar a suspensão das verificações agroalimentares nos portos da Irlanda do Norte .
A renúncia de Givan faz parte do protesto contra o Protocolo da Irlanda do Norte — parte do acordo do Brexit que foi assinado por ambos os lados e que visa impedir uma fronteira dura na ilha da Irlanda.