Presidente da Catalunha suspende independência e pede diálogo
Carles Puigdemont criticou ação do governo espanhol durante referendo
Internacional|Do R7, com agências internacionais
O presidente catalão, Carles Puigdemont, exaltou nesta terça-feira (10) o exercício de democracia demonstrado com o referendo de independência da regiãoe confirmou a intenção da Catalunha de se tornar um estado independente da Espanha, mas suspendeu o processo de separação para que novas negociações com Madri tenham espaço.
— Eu assumo o mandato de que a Catalunha precisa se tornar um Estado independente na forma de uma República... Proponho suspender os efeitos da declaração de independência para ingressar em conversações para alcançar uma solução negociada.
Na ocasião, Puigdemont criticou veementemente a ação do governo contra o plebiscito. De acordo com o presidente, houve excesso de força e, mesmo assim, os catalães conseguiram exercer seu direito de voto.
— Os esforços do governo não impediram o referendo.
Em seguida, Puigdemont passou a expor o histórico político da região destacando o papel da Catalunha ao fim da ditadura franquista, "desde a morte de Franco, a Catalunha foi a [região] que mais ajudou".
Leia também
Entretanto, apesar de exaltar o histórico de parceria, o presidente ressaltou que o resultado do plebiscito mostra um desejo da maioria.
— Milhões de cidadãos na Catalunha acreditam que a única solução é que a Catalunha seja um Estado.
O líder, porém, expressou a necessidade de se negociar com Madri uma solução para a situação, já que está claro que o "relacionamento atual não está funcionando".
O governo espanhol já disse que qualquer declaração de independência unilateral seria ilegal, e prometeu agir para "restaurar a lei e a democracia" se o Parlamento da região autônoma e rica do nordeste do país for adiante.
O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, poderia adotar a medida inédita de dissolver a legislatura catalã e convocar novas eleições regionais, a chamada "opção nuclear".
Madri também pode pedir que os tribunais derrubem uma declaração de independência por esta ser inconstitucional.
Apesar dos clamores repetidos por diálogo com Madri, a proclamação torna uma solução negociada mais difícil, já que Rajoy afirmou que não conversará com os líderes catalães a menos que eles desistam dos planos de separação.