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Presidente da Ucrânia promete 'vitória' diante da Rússia

Zelenski gravou uma mensagem para os cem dias de guerra e procurou transmitir sentimento de confiança

Internacional|Do R7

Presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski
Presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski

A Ucrânia sairá vitoriosa da guerra iniciada pela Rússia, garantiu nesta sexta-feira (3) seu presidente, Volodmir Zelenski, cem dias após o começo da invasão lançada por Moscou, cujas tropas intensificam sua ofensiva na região do Donbass.

Milhares de pessoas foram mortas, milhões fugiram de suas casas e cidades inteiras foram destruídas desde que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou que suas forças invadissem a Ucrânia, em 24 de fevereiro.

O avanço do Exército russo foi retardado pela feroz resistência dos ucranianos, que conseguiram frustrar uma ofensiva-relâmpago para derrubar o governo pró-ocidental em Kiev e que forçou Moscou a reorientar suas forças para o leste, para conquistar a região mineradora do Donbass.

Apesar da resistência apoiada pelo Ocidente, Zelenski reconheceu que a Rússia triplicou a parte do território ucraniano sob seu controle. Com a península da Crimeia anexada em 2014 e as áreas do Donbass e do sul sob seu poder, a Rússia agora ocupa cerca de 125.000 km2 do território de seu vizinho.


Zelenski gravou uma mensagem na sede da Presidência em Kiev para os cem dias de guerra
Zelenski gravou uma mensagem na sede da Presidência em Kiev para os cem dias de guerra

O presidente ucraniano procurou transmitir uma mensagem de confiança aos seus compatriotas nesta sexta-feira (3) em um vídeo gravado da sede da Presidência em Kiev.

"A vitória será nossa", disse. "Os representantes do Estado estão aqui, defendendo a Ucrânia há cem dias", acrescentou.


Por sua vez, o Kremlin afirmou ter alcançado "certos" objetivos nos cem dias de ofensiva, segundo o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, que observou que as tropas libertaram várias cidades do que ele descreveu como "forças armadas pró-nazistas da Ucrânia".

"Destroem tudo"

As tropas de Putin estão concentradas no Donbass e a batalha é especialmente feroz na cidade de Severodonetsk.


Os combates continuam no centro da cidade e, segundo a Presidência ucraniana, os invasores estão "bombardeando infraestruturas civis e edifícios militares".

"Por cem dias, [os russos] estão destruindo tudo o que diferenciava a região de Luhansk", disse o governador regional, Sergii Gaiday.

O líder local acusou os russos de arrasarem hospitais, escolas e estradas, mas salientou que a população se apega ao território.

Gaiday declarou que as tropas ucranianas estão resistindo em uma área industrial, uma situação que lembra a da cidade portuária de Mariupol, no sul da Ucrânia, onde soldados se barricaram em uma siderúrgica até que finalmente se renderam no fim de maio.

A situação em Lysychansk, a cidade gêmea localizada em frente a Severodonetsk, na outra margem do rio, também parece terrível.

Quase 60% das casas foram destruídas e as redes de internet, telefonia móvel e gás foram cortadas, informou o prefeito Oleksandr Zaika. "Os bombardeios estão ficando cada vez mais intensos", apontou.

"Situação piora"

A outra região do Donbass, Donetsk, não está isenta de hostilidades, especialmente em Sloviansk, cerca de 80 km a oeste de Severodonetsk, cujos habitantes estão fugindo desesperadamente da cidade, onde não há água nem eletricidade.

"A situação está piorando, as explosões estão cada vez mais intensas e as bombas caem cada vez mais", disse à AFP Gulnara Evgaripova, uma estudante de 18 anos que embarcava em um ônibus para deixar a localidade.

Diante do rolo compressor russo, o Exército ucraniano, que perde entre 60 e 100 soldados diariamente, segundo Zelensky, aguarda a chegada dos avançados sistemas de mísseis Himars prometidos pelos Estados Unidos.

Apoiados pelos carregamentos de armas dos Estados Unidos e seus aliados da Otan, os militares ucranianos conseguiram conter o Exército russo — maior e mais bem equipado — e transformar o conflito em uma guerra de desgaste.

"Devemos nos preparar para o longo prazo (...) porque o que vemos é que esta guerra agora se tornou uma guerra de atrito", disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, após reunião com o presidente dos EUA, Joe Biden.

Mensagem do presidente Volodmir Zelenski buscou passar otimismo aos ucranianos
Mensagem do presidente Volodmir Zelenski buscou passar otimismo aos ucranianos

O coordenador da ONU para a crise na Ucrânia, Amid Awad, alertou nesta sexta-feira que a guerra "não terá vencedor" e sublinhou que o conflito "implica um preço elevado para os civis", citando "as vidas, casas, empregos e perspectivas perdidas".

Os países ocidentais e seus aliados procuram sufocar a economia russa com um pacote de sanções, na esperança que isso force Putin a ceder.

Na quinta-feira, os países da União Europeia aprovaram um sexto pacote de medidas contra a Rússia, que inclui um embargo, com exceções, às compras de petróleo.

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As sanções procuram enfraquecer a economia russa, mas segundo o vice-primeiro-ministro russo responsável pela Energia, Alexander Novak, os europeus serão os primeiros a "sofrer" com o embargo petrolífero.

O cartel de produtores de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus dez parceiros, um grupo que inclui a Rússia, concordaram na quinta em aumentar a produção para conter o aumento dos preços.

Mas essa medida não acalmou os investidores e os preços continuaram a subir.

Diante da escalada dos preços dos alimentos, ligada ao fato de a Ucrânia ser um dos maiores produtores de cereais do mundo, o presidente da União Africana, o líder senegalês Macky Sall, reuniu-se com Putin.

Sall afirmou que a África é "vítima" desse conflito, devido à alta dos preços dos grãos, e defendeu a tese de que os produtos alimentícios russos fiquem fora das sanções.

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