Presidente do Parlamento britânico diz que suspensão seria 'aberração'
Bercow afirmou que é 'óbvio' que o motivo da suspensão seria evitar que parlamentares exerçam tarefas de moldar um rumo para o país
Internacional|Da EFE
O presidente do Parlamento britânico, John Bercow, classificou nesta quarta-feira (28) como "aberração constitucional" a solicitação do primeiro-ministro, Boris Johnson, de fechar temporariamente o Parlamento para, supostamente, evitar um debate sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
Johnson confirmou em comunicado que pediu à rainha Elizabeth II o fechamento da Câmara dos Comuns de 10 de setembro até 14 de outubro, dia em que a próxima legislatura será iniciada com o tradicional "discurso da rainha".
"Não importa como se disfarce, é óbvio que o propósito da suspensão agora seria evitar que o Parlamento debata o Brexit e exerça as suas tarefas de moldar um rumo para o país", lamentou Bercow, que está de férias.
Segundo Bercow, Johnson deveria "buscar estabelecer, em vez de minar, as suas credenciais democráticas e o seu compromisso com a democracia parlamentar".
O líder da oposição e do Partido Trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, também se pronunciou sobre o pedido do premiê e enviou uma carta à rainha Elizabeth II para afirmar que "não é aceitável" a suspensão do Parlamento britânico.
"Quando o Parlamento for retomado, a primeira coisa que faremos é tentar legislar para impedir o que ele está fazendo. Em segundo lugar, convocaremos uma moção de confiança em algum momento", antecipou.
Em resposta aos opositores, o primeiro-ministro britânico argumentou que os deputados terão uma "ampla margem de tempo" para debater o Brexit antes de 31 de outubro, quando o país deverá deixar a União Europeia.