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Presidente do Parlamento do Canadá renuncia ao cargo após homenagem a nazista

Anthony Rota prestou tributo a veterano da Ucrãnia que lutou a favor de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial

Internacional|Do R7

Anthony Rota renunciou nesta terça-feira (26)
Anthony Rota renunciou nesta terça-feira (26)

O presidente da Câmara Baixa do Parlamento do Canadá renunciou nesta terça-feira (26), após homenagear um veterano da Ucrânia que lutou ao lado dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

"Com dor no coração, informo aos membros minha renúncia como presidente da Câmara dos Comuns", anunciou Anthony Rota, de 62 anos, no Parlamento, manifestando "profundo arrependimento" pelo erro.

"Assumo total responsabilidade por minhas ações", acrescentou, afirmando que sua decisão se tornará efetiva no fim da quarta-feira (27).

Rota vinha sendo pressionado a deixar o cargo depois do episódio, ocorrido na última sexta-feira, durante uma visita do presidente ucraniano à Câmara dos Comuns. 


Nesse dia, Rota homenageou Yaroslav Hunka, um imigrante ucraniano de 98 anos que visitava o Parlamento e que é do mesmo distrito em que Rota se elegeu.

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O legislador apresentou Hunka como "um veterano ucraniano-canadense da Segunda Guerra Mundial que lutou pela independência ucraniana contra os russos" e "herói ucraniano e canadense", provocando uma ovação dos presentes na Câmara, que aplaudiram em pé.


Mas, na realidade, Hunka serviu na 14ª divisão Waffen Grenadier das SS, "uma unidade militar nazista cujos crimes contra a humanidade durante o Holocausto estão bem documentados", segundo o Centro Simon Wiesenthal, uma organização judaica global de direitos humanos que pesquisa o Holocausto e o ódio em um contexto histórico e contemporâneo.

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O centro também classificou o incidente de "chocante" e "incrivelmente perturbador".

O reconhecimento parlamentar a Hunka "causou dor a pessoas e comunidades, incluindo a comunidade judaica do Canadá e de todo o mundo, além dos sobreviventes da Polônia, entre outras nações", acrescentou Rota em sua mensagem.

A ministra das Relações Exteriores canadense, Mélanie Joly, somou-se hoje ao coro dos que pediam a renúncia do presidente da Câmara dos Comuns. "O que aconteceu na sexta-feira é totalmente inaceitável", disse no Parlamento. 

"É uma vergonha para a Câmara e para os canadenses, e acho que ele deveria ouvir os integrantes da Câmara e renunciar", acrescentou.

Eleito pela primeira vez em 2004, sob a bandeira liberal, Rota foi reeleito cinco vezes. Desde 2019, era presidente da Câmara, um cargo-chave no sistema parlamentar canadense, acima dos partidos.

Em meio ao escândalo, vários movimentos políticos também pediram a renúncia de Rota, do Partido Liberal. Ele pediu desculpa no último domingo e explicou que teve "conhecimento posteriormente de mais informações", que o levaram a se arrepender de seus comentários sobre Hunka.

"Essa iniciativa foi totalmente minha... Eu quero particularmente estender minhas mais sinceras desculpas às comunidades judaicas do Canadá e do mundo", enfatizou Rota.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, chamou ontem de vergonhosa a homenagem de Rota. Já a oposição conservadora criticou o governo Trudeau por não ter analisado Hunka adequadamente, apesar das alegações de que não houve um aviso prévio de que o nonagenário havia sido convidado para o evento.

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