Presidente do Peru exige lei para intervir no Ministério Público
Ele criticou decisão do procurador-geral de remover dois promotores responsáveis por investigar o escândalo ligado à Odebrecht
Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7, com Reuters
O presidente do Peru, Martin Vizcarra, na terça-feira (01/01), fez fortes críticas à decisão do procurador-geral do Peru, Pedro Chávarry, de remover dois promotores responsáveis por investigar o escândalo que envolve as relações da construtora brasileira Odebrecht com governos anteriores do país.
Ele anunciou a intenção de aprovar no Congresso um projeto de Lei que decrete estado de emergência no Ministério Público o que, para os especialistas, significaria a destituição de Chávarry. Caso contrário ele se diz obrigado a apresentar uma "moção de confiança" para a votação dos congressistas.
Promotores que atuavam em caso da Odebrecht são demitidos no Peru
"Exorto o Congresso a tratar este assunto com a máxima urgência, conforme o caso exigir. Se não for tratado com urgência, apresentaremos uma moção de confiança, porque a luta contra a corrupção é a questão número um no governo."
A notícia da destituição de Jose Perez e Rafael Vela na noite de segunda-feira (31) fez Vizcarra interromper a viagem para o Brasil, onde estava para a posse de Jair Bolsonaro, para retornar ao Peru.
Ex-vice-presidente, Vizcarra assumiu a presidência em 23 de março de 2018, em substituição a Pedro Pablo Kuczynski, que renunciou após acusações de desvios.
Desde então, Vizcarra afirma lutar pela estabilidade institucional e econômica do país, tendo como plataforma o combate à corrupção.
Em um discurso à nação, Vizcarra disse que uma moção que estabelece um estado de emergência no Ministério Público será apresentada ao Congresso, para compensar a saída dos promotores.
O argumento utilizado pelo procurador foi o de que a dupla não havia respeitado a autoridade e a hierarquia no Ministério Público do Peru.
Os dois investigadores ajudaram a liderar uma equipe especial que no início deste mês anunciou planos para buscar multas de cerca de US $ 180 milhões de empresas locais, políticos e empresários por participarem de esquemas de propinas envolvendo projetos de construção da Odebrecht no Peru.
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Em 2016, a Odebrecht realizou acordo com as autoridades americanas, brasileiras e suíças, no qual admitiu que subornou autoridades em uma dúzia de países, incluindo o Peru.
As investigações de Perez e Vela ajudaram a atingir pessoas nos mais altos níveis de poder no país andino. Quatro ex-presidentes peruanos, o atual líder da oposição e várias construtoras locais estão sob investigação em conexão com a Odebrecht. Todos negaram a prática de transgressão.
A decisão de Chávarry de remover Perez e Vela foi anunciada dias depois que Perez acusou Chavarry de supostamente obstruir a justiça em um caso separado envolvendo vários juízes acusados de corrupção.
Perez e Vela também se referiram PPK e aos ex-presidentes peruanos, Ollanta Humala e Alejandro Toledo, todos investigados pelo escândalo da Odebrecht.
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