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Pressão internacional e divergências internas atrasam ofensiva terrestre de Israel

Países temem que os 220 reféns que estão na Faixa de Gaza sejam mortos; incursão poderia desencadear uma guerra maior na região

Internacional|Do R7

Israel está em guerra com o Hamas desde o dia 7 de outubro e planeja uma incursão por terra
Israel está em guerra com o Hamas desde o dia 7 de outubro e planeja uma incursão por terra

Tida como iminente, a ofensiva terrestre de Israel na Faixa de Gaza ainda não começou, um atraso que a imprensa e analistas atribuem às pressões internacionais, às divergências entre políticos e militares e à delicada questão dos reféns.

Quase 20 dias após o pior ataque executado a Israel pela organização terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, o Exército israelense bombardeia de modo incessante o enclave palestino.

Apesar de algumas incursões, a anunciada ofensiva terrestre não virou realidade.

"Crise de confiança entre Benjamin Netanyahu e as Forças de Defesa de Israel", escreveu Nahum Barnea, colunista do jornal Yediot Aharonot.


"O governo tem dificuldade para tomar decisões aceitas por todos sobre temas importantes", acrescentou.

Fontes governamentais e militares mencionadas pelo colunista sugeriram que "Netanyahu está irritado com os generais, aos quais atribui a responsabilidade pelo 'fiasco de 7 de outubro'", como denomina o ataque sofrido por Israel.


"As divergências a respeito das operações criam tensões, em particular entre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa, Yoav Gallant", escreveu nesta terça-feira (24) Amos Harel, no jornal Haaretz.

A rádio estatal também citou "divergências entre o primeiro-ministro e o comando militar", em um cenário de troca de acusações sobre os fracassos que permitiram a incursão dos milicianos do Hamas em seu território.


Segundo as autoridades israelenses, mais de 1.400 pessoas morreram no sul de Israel, a maioria civis, assassinadas no ataque dos terroristas. Entre as vítimas estão mais de 300 militares.

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Israel respondeu com uma campanha incessante de bombardeios a Gaza que, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, deixou 6.546 mortos, a maioria civis.

Como ressaltam vários analistas, os comunicados oficiais frequentes que enfatizam a convergência de pontos de vista na cúpula do poder revelam a natureza fictícia da "frente unida".

"O primeiro-ministro, o ministro da Defesa e o comandante do Estado-Maior trabalham em estreita e plena cooperação, 24 horas por dia, para conduzir o Estado de Israel a uma vitória decisiva sobre o Hamas. Existe confiança total e mútua entre eles", afirmou uma nota da assessoria de comunicação do governo divulgada nesta terça-feira (24).

Reféns na Faixa de Gaza

Patrick Bettane, analista de Inteligência do centro de pesquisas israelense International Institute for Counter-Terrorism (ICT), confirma que existem "divergências sobre uma ofensiva terrestre".

"O fato de que há reféns retidos na Faixa de Gaza complica tudo. Israel aguarda para ver como esse problema será resolvido antes de agir", explica Bettane.

Exército de Israel se prepara para entrar na Faixa de Gaza
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Mais de 200 reféns estão em cativeiro. Suas famílias protestam todas as tardes perto da sede do Ministério da Defesa, em Tel Aviv.

Para Akiva Eldar, comentarista político, "depois da emoção provocada pelo massacre terrível, Bibi [apelido de Netanyahu] e os generais começam a pensar de modo diferente".

A presença de generais dos Estados Unidos em Israel, supostamente para prevenir excessos e evitar a morte de reféns, principalmente americanos, é mais um indício do contraste entre os fatos e o discurso oficial, que ressalta o "fim anunciado do Hamas ao término da atual guerra", uma promessa de Netanyahu e Gallant, afirma Eldar.

Na terça-feira, o comandante do Estado-Maior israelense, Herzi Halevi, repetiu que o país quer "desmantelar completamente o Hamas: seus dirigentes, o braço militar e seus mecanismos de funcionamento".

'Reação em cadeia'

Para Daniel Bensimon, outro analista político israelense, "com divergências ou não, é um fato que americanos e europeus viajam para Israel para agradar ao país com boas palavras, enquanto apresentam algemas para evitar uma ofensiva terrestre".

"A comunidade internacional teme que uma ofensiva terrestre provoque uma reação em cadeia e uma conflagração em toda a região, inclusive muito além", opina.

Israel recebeu o apoio de vários líderes estrangeiros que visitaram o país, como os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron.

"Biden, Macron dizem coisas bonitas. Mas, no fundo, querem impedir que Israel invada Gaza e que o Irã entre na dança", na fronteira norte de Israel, por meio de seus aliados no Líbano, o movimento xiita Hezbollah, diz Bensimon.

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