Prisioneiros recebem salário maior que o de professores em boa parte da Rússia; entenda
Em seis anos, remuneração de detentos aumentou 125%; educadores ganham menos que salário mínimo, segundo jornal
Internacional|Do R7
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Os presos na Rússia estão ganhando mais do que professores em boa parte do país. De acordo com o jornal russo The Moscow Times, os salários pagos a detentos aumentaram 125% nos últimos seis anos: passaram de 14.700 rublos (cerca de R$ 1.000) por mês em 2019 para 33.000 rublos (aproximadamente R$ 2.240) em 2025.
A vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Federação Russa, Elena Dybova, disse que a produtividade dos presos cresceu 84% no mesmo período. Segundo ela, as câmaras regionais de comércio estão ajudando empresas a firmar parcerias com o Serviço Penitenciário Federal (FSIN) para empregar os detentos.
A Rússia reintroduziu o trabalho compulsório como forma de punição criminal em 2017. Até 2023, mais de 26 mil detentos nas prisões do país realizavam serviços para 1.700 organizações comerciais, segundo o FSIN.
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De acordo com o Moscow Times, as parcerias entre empresas e penitenciárias já resultaram em contratos que somam 800 milhões de rublos (cerca de R$ 54 milhões) e criaram “milhares” de vagas em colônias de trabalho pelo país.
Apesar disso, Dybova reconhece que as empresas enfrentam dificuldades: os presos têm baixa qualificação, há alta rotatividade – já que muitos são liberados após o treinamento – e as regras rígidas das prisões dificultam o cumprimento dos cronogramas de produção.
“Depois de treinar um funcionário, a empresa o perde ao ser liberado, e o ciclo se repete com um novo trabalhador sem treinamento”, disse Dybova.
Empresas como a Ozon, do comércio eletrônico, a Russian Railways, fabricante de caminhões, e a Uralvagonzavod, maior indústria de tanques da Rússia, usam mão de obra de presos, segundo o jornal.
Em 2023, o Ministério da Defesa britânico disse que “o setor de fabricação de defesa russo está muito provavelmente recorrendo à utilização de mão de obra de condenados em um esforço para atender às demandas de produção em tempos de guerra”.
“A população carcerária fornece um recurso humano único para os líderes russos utilizarem em apoio à ‘operação militar especial’, enquanto voluntários dispostos continuam escassos”, disse a pasta em um comunicado.
Abaixo do salário mínimo
Em 73 regiões da Rússia, os educadores ganham menos que o salário mínimo nacional, estimado em 22.440 rublos (cerca de R$ 1.525) em 2025. Em 70 regiões, o valor recebido é inferior a 20 mil rublos (R$ 1.360), segundo o Moscow Times.
O sindicato da categoria afirma que a escassez de docentes na Rússia chega a 250 mil profissionais, e cerca de 31% dos professores têm mais de 50 anos. Com a falta de pessoal, aulas acabam sendo canceladas ou ministradas por profissionais de outras áreas.
O vice-presidente do sindicato, Vsevolod Lukhovitsky, disse ao jornal russo que a sobrecarga e os baixos salários estão levando muitos jovens a abandonar a profissão no país.
O United24 Media, site de notícias vinculado ao governo ucraniano, diz que o Kremlin tem se preocupado com o retorno de veteranos da guerra na Ucrânia, incluindo ex-detentos recrutados para o front, e o possível impacto social e político dessa reintegração.
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