Procuradoria da Venezuela pede prisão do opositor Edmundo González
Ele passou a ser investigado após afirmar que venceu a eleição e acusar Maduro de fraude
Internacional|Do Estadão Conteúdo
A Procuradoria da Venezuela pediu nesta segunda-feira (2), a prisão do opositor Edmundo González. Ele passou a ser investigado pelos crimes de usurpação de funções, falsificação de documentos públicos, incitação à desobediência, conspiração e sabotagem de sistemas por denunciar fraude na última eleição.
A lista de crimes atribuídos ao opositor foi citada pelo Ministério Público da Venezuela no documento em que pede à Justiça que emita a ordem de prisão para Edmundo González. O MP fez o pedido ao tribunal com competência em casos de terrorismo e divulgou a cópia do documento nas redes sociais.
A investigação tem como foco o site que a oposição criou para divulgar as cópias das atas, que comprovariam a sua vitória. Do outro lado, instituições alinhadas ao chavismo declararam e ratificaram a reeleição de Nicolás Maduro, sem que os dados das urnas fossem apresentados até agora, um mês depois da eleição.
Pressionado pela comunidade internacional, o chavismo tem aumentado a repressão aos críticos com prisão em massa de manifestantes, incluindo menores de idade, e a abertura de investigação contra os líderes da oposição.
Na semana passada, o MP havia ameaçado prender Edmundo González, caso desacatasse a ordem para depor. Essa foi a terceira vez que ele foi convocado e não compareceu. O opositor afirma que o Ministério Público da Venezuela age como um “acusador político” e que, por isso, não tem as garantias de independência e respeito ao devido processo legal.
O diplomata de 75 anos está na clandestinidade e não é visto em público desde 30 de julho. Escondido, ele tem se comunicado apenas pelas redes sociais.
As acusações miram a publicação das cópias de 80% das atas, que dão a vitória a Edmundo González com cerca de 70% dos votos. Os documentos não são reconhecidos pelo chavismo, que declarou Nicolás Maduro reeleito para o terceiro mandato.
Em paralelo à investigação o ditador passou a pedir a prisão de Edmundo González e da líder opositora María Corina Machado, também na clandestinidade, pela violência nos protestos que se seguiram à contestada eleição. Pelo menos 27 pessoas morreram e 2,4 mil foram presas pelas forças de segurança do regime.
Além disso, o procurador-geral, Tarek William Saab, anunciou anteriormente uma investigação penal contra González e Corina pela carta aberta em que eles pedem aos militares que reconheçam a vitória da oposição e parem de reprimir os manifestantes. Edmundo González assinou o documento como presidente eleito da Venezuela.