Protesto, prende, solta: o que aconteceu com a líder da oposição na Venezuela?
Coalização opositora afirma que agentes do regime Maduro atacaram motocicletas que transportavam a política nesta quinta-feira, 9
Internacional|Do R7
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, foi libertada após ser presa ao sair de uma manifestação contra o presidente Nicolás Maduro, em Caracas, nesta quinta-feira, 9, de acordo com o partido dela.
O que diz o grupo de oposição a Maduro
María apareceu publicamente pela primeira vez em cinco meses nesta quinta. Ela discursou de cima de um caminhão para centenas de manifestantes na região de Chacao, na zona leste da capital.
A coalizão opositora, Comando ConVzla, publicou em uma rede social que tropas do regime Maduro atiraram contra as motocicletas que transportavam María quando ela saía da manifestação.
Quase duas horas depois, a oposição afirmou que, durante o sequestro, a política foi obrigada a gravar vídeos e, somente após isso, ela foi libertada.
Após a prisão de María, Edmundo González, que disputou as eleições e se proclamou presidente eleito, pediu em uma rede social a libertação da opositora.
“Como presidente eleito, exijo a libertação imediata de María Corina Machado. Às forças de segurança que a sequestraram eu digo: não brinquem com fogo”, disse.
Como foi a manifestação
Embora menos numerosos do que em protestos anteriores, manifestantes se reuniram em Caracas e em outras cidades, muitos vestindo as cores da bandeira nacional — vermelho, amarelo e azul — em apoio a María e à oposição.
A mobilização enfrentou forte repressão policial, com o uso de tropas da Guarda Nacional e grupos armados pró-governo conhecidos como “colectivos”, de acordo com a agência de notícias AP.
A mobilização acontece um dia antes da posse de Maduro, marcada para esta sexta-feira, 10, que deve ocorrer sob protestos e boicotes de antigos aliados regionais, enquanto a pressão internacional cresce para que mudanças democráticas ocorram no país.
Como começaram os protestos
Após as eleições de julho do ano passado, o Conselho Eleitoral Nacional (CNE), alinhado ao governo, declarou Maduro como vencedor, mas sem fornecer acesso aos registros de votação. Por outro lado, a oposição divulgou dados coletados de 85% das máquinas eletrônicas que mostrariam uma vitória esmagadora de González por mais de dois para um.
A legitimidade dessas informações foi confirmada por especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Carter Center, que foram convidados pelo próprio governo para observar o processo eleitoral. Ainda assim, Maduro ignorou os resultados e manteve o controle.
Governos internacionais, incluindo os Estados Unidos, já reconheceram González como presidente legítimo. Durante uma reunião recente na Casa Branca, o presidente Joe Biden elogiou o diplomata por ter “inspirado milhões” de venezuelanos.
“O povo da Venezuela merece uma transferência pacífica de poder para o verdadeiro vencedor de sua eleição presidencial”, afirmou Biden.