Putin agradece a Xi Jinping por 'posição equilibrada' sobre o conflito na Ucrânia
Presidentes da Rússia e da China se encontraram nesta quinta-feira (15) em reunião no Uzbequistão
Internacional|Do R7
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (15) que entende que Xi Jinping tenha dúvidas e preocupações sobre a situação na Ucrânia, mas elogiou o líder da China pelo que afirmou ser uma posição "equilibrada" sobre o conflito.
A guerra da Rússia na Ucrânia matou dezenas de milhares de pessoas e empurrou a economia global para águas desconhecidas, com preços crescentes de alimentos e energia em meio ao maior confronto entre Moscou e o Ocidente desde a Guerra Fria.
No primeiro encontro presencial entre os dois líderes desde a guerra, Xi afirmou que estava muito feliz por reencontrar um "velho amigo" depois que Putin disse que as tentativas dos Estados Unidos de criar um mundo unipolar fracassariam.
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"Valorizamos muito a posição equilibrada de nossos amigos chineses quando se trata da crise na Ucrânia", disse Putin a Xi, a quem chamou de "caro camarada Xi Jinping, caro amigo".
"Entendemos suas questões e preocupação com isso. Durante a reunião de hoje, é claro que explicaremos nossa posição, explicaremos em detalhes nossa posição sobre esse assunto, embora já tenhamos falado sobre isso antes", disse o chefe de Estado russo.
As primeiras observações de Putin sobre a preocupação chinesa com a guerra ocorrem poucos dias depois de um revés-relâmpago de forças russas no nordeste da Ucrânia.
Xi, a quem o Partido Comunista deve conceder no próximo mês um histórico terceiro mandato de liderança e assim consolidá-lo como o líder mais poderoso do país desde Mao Zedong, não mencionou a Ucrânia nos comentários públicos.
Uma nota chinesa da reunião também não mencionou a Ucrânia. Xi afirmou que a China está disposta a dar forte apoio à Rússia para assuntos relacionados aos principais interesses, informou a emissora estatal CCTV.
A China se absteve de condenar a operação da Rússia contra a Ucrânia ou chamá-la de "invasão", em linha com o Kremlin, que define a guerra como "uma operação militar especial".
A última vez em que Xi e Putin tinham se encontrado pessoalmente, poucas semanas antes de a Rússia invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro, eles declararam uma parceria "sem limites" e assinaram uma promessa de colaborar mais contra o Ocidente.
Ainda assim, Pequim está abalada com o impacto na economia global e tem o cuidado de não dar apoio material à Rússia que possa desencadear sanções ocidentais à própria economia chinesa.
A parceria Xi-Putin é considerada um dos desenvolvimentos mais significativos em geopolítica após a ascensão espetacular da própria China nos últimos 40 anos.
Xi, filho de um revolucionário comunista que elogiou publicamente as joias da literatura russa, e Putin, que cresceu em Leningrado, hoje São Petersburgo, e atuou na KGB da era soviética, disseram que trabalhariam juntos.
Mas a guerra na Ucrânia destacou as diferentes trajetórias da China e da Rússia: uma delas, uma superpotência em ascensão cuja economia deve ultrapassar a dos Estados Unidos em uma década; a outra, uma antiga superpotência lutando em uma guerra desgastante.