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Quais países mais geram refugiados pelo mundo?

O ano de 2016 bateu um novo recorde de deslocamentos forçados

Internacional|Da Ansa

Confrontos do regime de Assad são a principal causa da fuga de civis da Síria
Confrontos do regime de Assad são a principal causa da fuga de civis da Síria

Em 2016, o número de deslocados forçados no planeta bateu um novo recorde, chegando à marca de 65,6 milhões de pessoas, segundo relatório anual do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

A cifra inclui indivíduos que fogem de perseguições, conflitos, violência e violações dos direitos humanos e representa um acréscimo de 300 mil em relação a 2015. São ao todo 40,3 milhões de deslocados internos (dentro das fronteiras de seu próprio país), 22,5 milhões de refugiados e 2,8 milhões de solicitantes de refúgio.

Esse número sem precedentes se deve sobretudo à Síria, que responde por quase 20% do total de deslocados forçados em 2016, mas também a outras guerras que acabam em segundo plano por causa da gravidade da situação no país árabe. Veja os conflitos que mais contribuem para a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial:

Síria (12 milhões de deslocados)


Iniciada em março de 2011, a guerra civil na Síria já deixou mais de 400 mil mortos e parece longe de acanar. Os confrontos começaram após o regime de Bashar al Assad, no poder desde 2000, ter reprimido manifestações pró-democracia. A situação se deteriorou rapidamente, e o país logo se tornou teatro das disputas de poder que dominam o Oriente Médio e a Península Árabe.

De um lado, uma miríade de grupos rebeldes, alguns armados e treinados pelos Estados Unidos (ao menos até o mês passado, quando Donald Trump encerrou o programa secreto de colaboração levado a cabo pela CIA) e pelas monarquias sunitas da região, principalmente a Arábia Saudita, lutam pela deposição de Assad. Do outro, a Rússia e os xiitas Irã e Hezbollah defendem a manutenção do presidente.


E todos eles lutam contra os grupos terroristas Fatah al Sham (antiga Frente al Nusra, ligada à Al Qaeda) e Estado Islâmico (EI), que se aproveitaram do caos para conquistar amplos territórios. A guerra já gerou 6,3 milhões de deslocados internos, 5,5 milhões de refugiados e 185 mil solicitantes de refúgio, segundo dados do fim de 2016.

Colômbia (7,7 milhões)


O segundo país nessa lista é vizinho do Brasil: mais de meio século de conflitos contra guerrilhas levaram a Colômbia a uma das maiores emergências humanitárias do mundo, com 7,7 milhões de deslocados forçados, sendo 7,4 milhões dentro de suas fronteiras e pouco mais de 300 mil refugiados - 679 deles vivem em solo brasileiro.

No fim do ano passado, o governo assinou um acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o maior grupo guerrilheiro do país e que recentemente concluiu seu desarmamento, iniciando a transição para a vida civil. Porém isso não será suficiente para resolver o problema.

Apesar do peso simbólico da extinção das Farc, a Colômbia ainda luta contra outras organizações paramilitares e narcotraficantes, além de ter a oitava maior taxa de homicídios intencionais do planeta (27,9 para cada 100 mil habitantes), segundo o Banco Mundial.

Prova disso é que no ano passado, quando foi concluído o acordo com as Farc, sua população de deslocados internos - que é a maior do mundo - teve um acréscimo de 500 mil pessoas.

Afeganistão (4,7 milhões)

Outro conflito que se arrasta há anos é o do Afeganistão. A invasão norte-americana de 2001 conseguiu depor o regime do Talibã, mas o grupo fundamentalista segue ativo e hoje ainda divide espaço com o EI, que ganhou força no país. Recentemente, Washington despejou a "mãe de todas as bombas", arma mais potente de seu arsenal não-nuclear, para atingir jihadistas nas montanhas afegãs.

Os EUA ainda mantêm cerca de 10 mil soldados na nação asiática e estudam reforçar o contingente para conter a insurgência do Talibã. Por outro lado, o Exército local não consegue controlar todo o território nacional, o que abre espaço para recorrentes atentados, inclusive na capital Cabul.

O arrastado conflito gerou uma população de 1,8 milhão de deslocados internos e espalhou 2,5 milhões de refugiados e 400 mil solicitantes de refúgio por outras nações.

Iraque (4,2 milhões)

Tal qual a Síria, o Iraque enfrenta atualmente uma árdua batalha para derrotar o Estado Islâmico, que se aproveitou da instabilidade no país após a retirada norte-americana, em 2011, e de suas divisões religiosas para conquistar territórios.

O EI ascendeu durante o governo do xiita Nuri al Maliki (2006-2014), acusado de incentivar a polarização com a minoria sunita, a mesma vertente do Islã, em uma versão mais radical, que serve de base para o grupo jihadista. No fim de 2016, 4,2 milhões de deslocados forçados eram do Iraque, 86% deles internamente (3,6 milhões). O restante era de refugiados (316 mil) e de solicitantes de refúgio (278 mil).

O Exército iraquiano, apoiado pela coalizão liderada pelos EUA, tem conquistado importantes vitórias contra o Estado Islâmico, como a retomada de Mosul, no início de julho, mas os combates são catalisadores de crises humanitárias e desestimulam as pessoas a voltarem a suas casas enquanto não houver uma garantia de mínima estabilidade.

Sudão do Sul (3,3 milhões)

Independente desde julho de 2011, após uma guerra que ceifou a vida de mais de 2,5 milhões de pessoas, o Sudão do Sul é a nação mais jovem do planeta, mas também é palco de um dos conflitos mais violentos da atualidade.

Os confrontos eclodiram no fim de 2013, quando o então vice-presidente Riek Machar iniciou uma rebelião contra o mandatário Salva Kiir, que governa o país desde sua fundação. Da capital Juba, os combates se disseminaram pelo país, apesar de diversas tréguas acordadas desde então.

Em julho de 2016, o Sudão do Sul presenciou uma nova escalada da violência interétnica, com os conflitos entre as forças de Kiir e Machar chegando até a regiões mais pacíficas, como algumas áreas de Equatoria, no extremo meridional da nação africana.

Segundo o Acnur, um em cada quatro sul-sudaneses foi forçado a abandonar sua casa, o que significa um número de 3,3 milhões de pessoas. 1,4 milhão delas fugiram como refugiadas para países vizinhos, principalmente Uganda (639 mil), Etiópia (338,8 mil) e Sudão (297,2 mil), a nação da qual o Sudão do Sul se separou. Outros 1,9 milhão de indivíduos se deslocaram internamente.

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