Quem é o líder venezuelano que promete tomar posse no lugar de Maduro
Edmundo González tenta obter apoio para pressionar o ditador Nicolás Maduro, que nesta sexta (10) toma posse de um novo mandato
Internacional|Do R7
O líder da oposição na Venezuela, Edmundo González, que está exilado na Espanha desde setembro, pretende viajar para o seu país e tomar posse como presidente no lugar de Nicolás Maduro. O opositor garante que contou com o apoio majoritário dos cidadãos nas eleições presidenciais de julho.
Em Buenos Aires, no último sábado (4), quando encontrou o presidente argentino Javier Milei, González afirmou que tem “toda intenção de chegar à Venezuela” no dia 10 de janeiro, data da mudança de governo. “Minha intenção é ir à Venezuela simplesmente para tomar posse do mandato que os venezuelanos me deram quando me elegeram com 7 milhões de votos para servir como presidente”, declarou González.
Conforme estabelece a Constituição da Venezuela, a mudança de governo deve ocorrer nesta sexta-feira. Nas eleições de 28 de julho do ano passado, o presidente Nicolás Maduro e Edmundo González se enfrentaram.
Questionado sobre como entraria na Venezuela, González disse que deveria reservar os detalhes: “Não posso dizer nada porque as circunstâncias hoje são muito complicadas”, afirmou.
González tem apoio para assumir a presidência?
O líder da oposição viajou pelas Américas a fim de consolidar a pressão contra o governo de Nicolás Maduro, ditador que está há 11 anos no poder. Na segunda-feira (6), González foi recebido na Casa Branca pelo presidente norte-americano, Joe Biden, e espera reunir ainda mais aliados na luta contra o regime chavista.
O líder, que disputou a presidência em julho pela Plataforma Democrática Unitária (PUD), já visitou o presidente argentino, Javier Milei, e outros líderes do Uruguai, Panamá e República Dominicana.
Como foram as eleições venezuelanas?
Na época do pleito venezuelano, González foi escolhido como candidato da oposição após Corina Yoris ter sido impedida de concorrer nas eleições presidenciais. Em março, a PUD declarou que o “acesso ao sistema de inscrição” da candidata não tinha sido viabilizado.
Yoris havia sido nomeada substituta de María Corina Machado, que, apesar de ter vencido as primárias da oposição em outubro de 2023, também teve sua inscrição impedida. Diante das negativas, lideranças da oposição acusam Maduro de impor barreiras a candidaturas oposicionistas.
Há riscos de violência contra o político?
O político e antigo embaixador, de 75 anos, deixou a Venezuela para se exilar na Espanha em setembro do ano passado, depois de um juiz ter emitido um mandado de detenção contra ele.
Na última quinta-feira (2), o governo de Maduro ofereceu uma recompensa de 100 mil dólares por informações que levassem à captura do líder da oposição.
Na terça-feira (7), González disse que o regime de Maduro sequestro seu genro, Rafael Tudares, em Caracas. Dos Estados Unidos, González, disse que Tudares foi sequestrado quando ia deixar os filhos na escola.
“Rafael ia para a escola dos meus netos deixá-los para o início das aulas, quando homens encapuzados e vestidos de preto o interceptaram, colocaram-no em uma caminhonete [...], e o levaram embora. Até agora está desaparecido”, escreveu González na rede social X. O opositor de Maduro não disse o que aconteceu com os netos de 6 e 7 anos.
Como foi a trajetória de González?
Diplomata de carreira, González foi embaixador da Venezuela na Argélia entre 1991 e 1993. Durante os primeiros anos do governo de Hugo Chávez (1999-2013), antecessor de Nicolás Maduro, González foi também embaixador na Argentina de 1998 a 2002.
Considerado um candidato discreto, González foi representante internacional da Mesa Redonda da Unidade Democrática entre 2013 e 2015. O órgão serviu como uma coalizão de partidos políticos venezuelanos formada em janeiro de 2008 para unificar a oposição ao Partido Socialista de Hugo Chávez.
Nascido em 1949, González se formou como internacionalista pela Universidade Central da Venezuela e concluiu o mestrado em Relações Internacionais pela Universidade Americana de Washington, D.C., segundo seu perfil no Instituto Fermín Toro de Estudos Parlamentares.