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Quem foi Jean-Marie Le Pen, líder da direita francesa, morto aos 96 anos

Le Pen, que concorreu cinco vezes à presidência da França, estava internado em uma casa de repouso

Internacional|Do R7

Jean-Marie Le Pen
Jean-Marie Le Pen morreu nesta terça-feira (7) aos 96 anos. Reprodução/Instagram/@jeanmarielepenofficiel

O maior expoente da direita francesa, Jean-Marie Le Pen, morreu aos 96 anos nesta terça-feira (7) em Garches, subúrbio de Paris. O político estava internado em uma casa de repouso há várias semanas e morreu “cercado da família”, afirmaram os parentes à agência de notícias AFP.

Nascido em 20 de junho de 1928 em La Trinité-sur-Mer, oeste da França, e formado em direito, Jean-Marie serviu como soldado-paraquedista nas guerras da Indochina (1953) e Argélia (1957). O francês foi eleito em 1956 à Assembleia Nacional, mas derrotado nas legislativas de 1962. Em 1984, foi eleito para o parlamento europeu, e nas legislativas de 1986, foi novamente alçado à Assembleia Nacional francesa.

Nesse ínterim, Le Pen fundou em 1972 a Frente Nacional, atual Reunião Nacional, um partido que inicialmente reunia neofascistas e depois adotou um perfil mais moderado. A legenda, no entanto, permanece sendo o principal abrigo da direita francesa.

Em 1976, o apartamento de Le Pen em Paris foi destruído por uma bomba. Ninguém estava na residência no momento da explosão e o crime nunca foi resolvido, embora houvesse especulações de que inimigos políticos planejaram o atentado. Em 1977, Le Pen herdou 7 milhões de dólares e um castelo próximo a Paris após a morte de Hubert Lambert, um apoiador político e socialite francês.


Comandando o partido por 40 anos, Le Pen foi expulso do Reunião Nacional em 2015 após reiterar declarações sobre as câmaras de gás utilizadas no Holocausto. Em 1996, foi julgado, condenado e multado por contestar crimes de guerra após declarar que as câmaras nazistas eram “apenas um detalhe” na história da Segunda Guerra Mundial.

“Eu mantenho isso porque acredito que seja a verdade”, afirmou Le Pen em 2015, ao ser questionado se lamentava ter feito o comentário.


A expulsão de Le Pen do RN em 2015 causou um racha na família do político. Jean-Marie acusou a filha mais nova, Marine, de traição e disse ter vergonha de que a presidente do partido levasse seu nome.

Em 2018, Marine Le Pen anunciou a mudança de nome do partido para Reunião Nacional, embora tenha mantido o logotipo com a chama tricolor em vermelho, branco e azul. A reformulação foi mais um esforço para se distanciar das políticas associadas ao pai, que continuou sendo um membro de longa data do Parlamento Europeu.


Jean-Marie Le Pen, por sua vez, não aceitou as reformas promovidas pela filha. Em 2016, fundou e se tornou presidente dos Comitês Jeanne, um novo partido que incorporava as ideologias radicais anti-imigração.

Nacionalista declarado e abertamente racista, Le Pen via a União Europeia como um projeto supranacional que usurpava os poderes dos países-membros. O político também fez do Islã e dos imigrantes muçulmanos seu principal alvo, culpando-os pelos problemas econômicos e sociais da França. Ao longo da vida política, insistiu que “as raças são desiguais”, que qualquer pessoa com AIDS era “uma espécie de leproso” e que “os judeus conspiraram para governar o mundo”. Le Pen chamou os Estados Unidos de “uma nação mestiça” e afirmou que a ocupação nazista na França “não foi especialmente desumana”.

Em 1960, Le Pen se casou com Pierrette Lalanne. Além de Marine, o casal teve outras duas filhas, Marie-Caroline e Yann, e se divorciaram em 1987. Em 1991, o político se casou com Jeanne-Marie Paschos, com quem viveu até o falecimento.

Figura constante por décadas na política francesa, Jean-Marie Le Pen concorreu à presidência em 1974, 1988, 1995, 2002 e 2007. Exceto pela performance em 2002, quando recebeu 16,9% dos votos e forçou um segundo turno contra Jacques Chirac, os resultados dos pleitos anteriores não foram notáveis.

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