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R$ 5,19: este é o salário que milhões de venezuelanos recebem por mês

Trabalhadores e aposentados vivem com menos do que o mínimo estipulado pelas Nações Unidas como critério de miséria

Internacional|Da EFE

Salário mínimo na Venezuela consegue comprar 1 kg de farinha de milho
Salário mínimo na Venezuela consegue comprar 1 kg de farinha de milho

Milhões de venezuelanos trabalham todos os dias para receber US$ 0,92 (R$ 5,19, na cotação atual) de salário no final do mês, quantia que os condena à fome em um país com inflação escandalosa e desvalorização da moeda, falhas em todos os serviços públicos e que, além disso, passa pela pandemia da covid19.

Treze meses depois de o salário mínimo legal ter caído para US$ 2 (R$ 11,29) por mês, o empobrecimento do país com uma das maiores reservas de petróleo do mundo mostrou que não conhece limites e que não vai parar no curto prazo.

Aqui estão algumas dicas para entender o impacto que esse salário terá na vida dos venezuelanos:

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O que significa?

Bolívar desvalorizou ainda mais com a pandemia
Bolívar desvalorizou ainda mais com a pandemia

O salário é de 400 mil bolívares mensais, enquanto o dólar norte-americano, moeda com a qual se realiza a maior parte das operações comerciais no país, é cotado a 430.670 bolívares a unidade.

Desse modo, a Venezuela continua não cumprindo uma das Metas de Desenvolvimento Sustentável estabelecidas pelas Nações Unidas desde 2018, que conclama os Estados membros a erradicar a pobreza extrema antes de 2030.


O indicador por excelência para saber se uma pessoa está na miséria é determinado pelo fato de receber menos de US$ 1,25 dólares por dia — ante os US$ 0,03 que milhões de venezuelanos recebem — algo que acontece no país sul-americano desde julho de 2018 e que hoje piorou.

Quem recebe?

Cerca de 4 milhões de aposentados e pelo menos outros 4 milhões de trabalhadores. Eles são jovens e velhos, muitos deles o ganha-pão de famílias que agora estão arruinadas.


Pelo menos 10 milhões de venezuelanos também recebem eventuais bônus atribuídos pelo governo de Nicolás Maduro por meio de um censo governamental, mas esses desembolsos ocorrem em média a cada dois meses e nunca ultrapassam US$ 5 (R$ 28,22).

Isso fez com que milhares de trabalhadores, muitos deles profissionais, abandonassem seus empregos qualificados e se engajassem em empregos informais, como comércio ou trabalho doméstico, onde ganham alguma renda em dólares.

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O que cobre?

Só para comer, uma família de cinco pessoas necessita de cerca de 300 salários mínimos já que o custo da cesta básica gira em torno de US$ 300 (R$ 1.693), segundo estimativa do Cendas (Centro de Documentação e Análise Social).

Com US$ 0,92, um venezuelano pode comprar 1 kg de farinha de milho ou arroz de baixa qualidade.

Terminado esse produto, com certeza em um ou dois dias, esse trabalhador terá que esperar mais um mês para receber novamente seus 400 mil bolívares.

O governo garante que os venezuelanos estão bem-alimentados graças ao sistema de entrega de alimentos subsidiado conhecido como CLAP (Comitê de Abastecimento e Produção Local), mas funciona de forma irregular, não cobre toda a população, alimenta uma família por cerca de cinco dias e não inclui proteínas.

Quais são os agravantes?

País vive cortes frequentes de serviços básicos, como energia elétrica
País vive cortes frequentes de serviços básicos, como energia elétrica

Em meio à pandemia da covid-19, que desde março sujeitou o país ao confinamento, a moeda local desvalorizou 82,78% em relação ao dólar norte-americano, enquanto a inflação dos primeiros oito meses do ano está em 1.079,67%, segundo dados do Parlamento.

Comprar um dólar hoje na Venezuela é 480,84% mais caro do que em meados de março, quando foram detectados os primeiros casos de coronavírus no país, uma pandemia que até agora deixa um saldo nacional de 74.363 casos e 621 mortes.

Além disso, o fechamento de várias empresas devido à pandemia se traduz em mais desemprego.

Os venezuelanos tiveram que enfrentar a escassez de gasolina e as falhas cada vez mais frequentes e prolongadas no fornecimento de eletricidade, água potável, gás doméstico e internet.

Consequências em vista

De acordo com a Encovi (Pesquisa de Condições de Vida), na Venezuela, quase uma em cada dez crianças menores de cinco anos — cerca de 166.000 — sofre de algum tipo de desnutrição se a relação entre seu peso e idade for levada em consideração.

E se a relação for entre altura e idade, o número salta para três em cada dez, ou seja, 639.000 crianças.

O mesmo estudo da Encovi revela que 96% dos venezuelanos são pobres, se levarmos em conta sua renda diária, e todos comem menos hoje do que há cinco anos, às vezes apenas uma vez por dia.

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