Rebeldes do Iêmen atingem a maior refinaria saudita com drones
Ataque com 10 drones incendiou a maior refinaria saudita e um dos maiores campos de extração de petróleo do país na madrugada deste sábado (14)
Internacional|Fábio Fleury, do R7, com Reuters
Duas das maiores instalações de petróleo da Arábia Saudita foram atacadas e entraram em chamas na madrugada deste sábado (14), ameaçando a produção de combustível do país. Os rebeldes houthi, do Iêmen, assumiram a autoria do atentado, que eles afirmam ter sido executado com 10 drones.
As refinarias atingidas ficam nos distritos de Khurais e Abqaiq, a cerca de 800 km da fronteira com o Iêmen, que vive uma guerra civil desde 2014. Os houthi, que têm apoio do Irã, lutam contra o governo central que é financiado pela Arábia Saudita e outros países da Liga Árabe.
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Abqaiq é a maior refinaria de petróleo do país e Khurais é um dos principais campos de extração do país. Segundo uma fonte ouvida pela agência Reuters, o impacto na produção de petróleo saudita pode chegar a 5 milhões de barris por dia, cerca de metade do total.
A televisão estatal Ekhbariya disse que as exportações continuam, embora a Aramco, empresa dona das instalações, ainda não tenha se pronunciado desde o ataque. As autoridades do país ainda não disseram se a produção de óleo ou as exportações serão afetadas. Ainda não há notícias sobre vítimas.
Alvos estratégicos
Abqaiq refina o óleo bruto do maior campo convencional de petróleo do mundo, o supergigante Ghawar, e é de lá que partem exportações aos terminais Ras Tanura — maior instalação de carregamento de petróleo offshore do mundo — e Juaymah. Também bombeia para o oeste, atravessando o reino, aos terminais de exportação do Mar Vermelho.
Duas fontes afirmaram que Ghawar queimava gases depois que os ataques atingiram instalações de processamento de gás. Khurais, que fica a 190 km, tem o segundo maior campo petrolífero do país.
Série de ataques
O ataque deste sábado foi o mais recente de uma série de mísseis e ataques de drones dos houthis contra cidades sauditas, a maioria dos quais interceptados.
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Recentemente, os houthi conseguiram atingir o campo petrolífero de Shaybah, no mês passado, e estações de bombeamento de óleo, em maio. Os dois ataques causaram incêndios, mas não interromperam a produção.
"É uma situação relativamente nova para os sauditas. Por muito tempo, eles nunca tiveram medo real de que suas instalações de óleo fossem atingidas pelo ar", afirmou o diretor fundador do Centro de Política Global, Kamran Bokhari, baseado em Washington, à Reuters.
Incêndio controlado
O Ministério do Interior da Arábia Saudita disse que equipes de segurança industrial da Aramco trabalharam para conter o fogo desde as 4h (horário local, 22h de sexta no horário de Brasília) e conseguiram controlá-lo.
A coalizão liderada pela Arábia Saudita lançou ataques aéreos à província de Saada, no norte do Iêmen, controlada pelos houthi, neste sábado. A Masirah TV, controlada pelos houthis, disse que aviões de guerra queriam atingir um campo militar.