Rebeldes sírios veem acordo russo e turco sobre Idlib como vitória
Vladimir Putin e o presidente turco concordaram em criar uma zona desmilitarizada que exigirá a saída de rebeldes 'radicais' até o próximo mês
Internacional|Do R7
Autoridades de oposição da Síria louvaram um acordo entre a Rússia e a Turquia a respeito da província síria de Idlib nesta terça-feira (18), dizendo que o pacto poupou a região controlada por rebeldes de uma ofensiva sangrenta do governo e que frustrará o objetivo do presidente Bashar al-Assad de recuperar toda a Síria.
O governo da Síria, embora tenha saudado o acordo revelado na segunda-feira, prometeu levar adiante sua campanha para retomar "cada centímetro" do país. O embaixador sírio no Líbano disse que o acordo testará a capacidade da Turquia de cumprir a promessa de desarmar os rebeldes.
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Em uma cúpula realizada na segunda-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, o aliado mais poderoso de Assad, e o presidente turco, Tayyip Erdogan, concordaram em criar uma zona desmilitarizada em Idlib da qual se exigirá a saída de rebeldes "radicais" até meados do próximo mês.
O pacto diminuiu a possibilidade de uma ofensiva do governo sírio que, segundo um alerta da Organização das Nações Unidas (ONU), criaria uma catástrofe humanitária na região de Idlib, lar de cerca de três milhões de habitantes.
A região de Idlib e o território adjacente ao norte de Aleppo representam o último grande bastião opositor da Síria, onde o apoio militar iraniano e russo ajudou Assad a reconquistar a maioria das áreas antes dominadas pela insurgência.
Mas a grande oposição turca a um ataque em Idlib obstruiu os planos do governo para uma ofensiva, e o acordo anunciado na segunda-feira parece manter um papel para Ancara no noroeste – algo que Assad considera inaceitável.
"O acordo de Idlib poupa as vidas de civis e impede que sejam alvos diretos do regime. Ele enterra o sonho de Assad de impor seu controle total sobre a Síria", disse Mustafa Sejari, autoridade do Exército Livre da Síria (FSA), à Reuters.
"Esta área continuará nas mãos do Exército Livre da Síria e forçará o regime e seus apoiadores a iniciarem um processo político sério, que leve a uma transição verdadeira para acabar com o controle de Assad", disse Sejari.
O porta-voz da opositora Comissão de Negociações da Síria disse que o acordo deteve uma ofensiva para a qual forças governamentais vinham se preparando nas últimas semanas, classificando-o como "uma vitória do desejo de viver sobre o desejo de matar".
A "conjuntura do ataque está praticamente excluída, ao menos por um período de tempo que não é pequeno, e esperamos que seja permanente", disse Yahya al-Aridi à Reuters por telefone.